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Weiner - Crítica do documentário

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Weiner – 2016

Robert Drew revolucionou o documentarismo americano. Em 1960, ele percebeu que o cinema poderia ser utilizado como ferramenta para o marketing político, e obteve acesso aos bastidores da campanha do então Senador John F. Kennedy. A ideia era mostrar o homem por trás do político que encantava os Estados Unidos, explorando a relação com seus amigos, irmãos e esposa em Primary, recentemente lançado em Blu-Ray pela Criterion. Mais de cinquenta anos depois, os diretores Josh Kriegman e Elyse Steinberg tentaram captar o mesmo espírito para promover a imagem do ex-congressista Anthony Weiner na campanha para prefeito de Nova York, em 2013, mas o comportamento do político tratou de arruinar tudo. Weiner é um dos melhores documentários políticos de todos os tempos por demonstrar a realidade nua e crua.

O caso de Weiner é extremamente popular nos Estados Unidos, e é conteúdo obrigatório nas universidades de comunicação pelo uso indevido das redes sociais e dá má gestão de imagem. Mesmo assim, os diretores se preocuparam em dar uma boa contextualização do caso. Em 2011, o congressista passou a virar inimigo público da moral e dos bons costumes após a foto de um pênis ser postada em sua conta do Twitter. Dias após dizer ser vítima de um ataque virtual, ele confessou sua conduta e foi forçado a entregar seu cargo. Em 2013, Anthony Weiner montou um grande esforço para disputar a prefeitura de NY pelos democratas, enfrentando a desconfiança do eleitorado.

Kriegman e Steinberg estavam junto de Weiner para registrar sua grande volta na política dos Estados Unidos. Weiner chegou a liderar as intenções de voto, e fez grandes comícios pela cidade. Mas um novo escândalo – desta vez um caso de sexting – colocou o candidato novamente na posição de vilão. É aí que a genialidade dos produtores fica clara: eles poderiam desistir do projeto, já que a chance de Weiner ser eleito passou a ser nula. Mas optaram por continuar com os registros do político.

E eles mostram uma série de casos curiosos, no mínimo: a relação com sua esposa, Huma Abedin, assessora de Hillary Clinton, seus dilemas pessoais e as estrategias para recuperação da imagem de Weiner junto aos eleitores escancaram o jogo político típico dos Estados Unidos em um modelo que é alvo de cópia em todo o mundo. Se Drew tinha em mente promover a imagem de Kennedy, pegando os melhores momentos de seus discursos, por exemplo, o documentário sobre Weiner chama a atenção por resgatar episódios constrangedores, que voltam ao imaginário popular após dois anos de ‘repouso’.

A edição explora – sem medo ou pudor – as polêmicas que tomaram conta de todos os tipos de programas da televisão dos EUA. Além disso, é de interesse levantar ao espectador questões sobre a atitude passiva de Abedin perante o caos, e também no que diz respeito ao excesso de confiança de Anthony, que gerou discórdia na grande imprensa ao criticar publicamente as notícias de sua campanha (especialmente por parte do New York Post, voltado apenas para a cobertura do sexting).

Weiner é o franco favorito aos principais prêmios do cinema em sua categoria. Uma grande aula de documentarismo. Um extraordinário fruto do acaso!

NOTA: 8/10

IMDb