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Águas Rasas - Crítica do filme

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The Shallows (Águas Rasas) – 2016

The Shallows (Águas Rasas, no Brasil), propõe alguns conceitos interessantes: foco em uma protagonista isolada, tomada pela tensão e pelo medo da morte; fotografia que capta através de tomadas abertas a beleza natural de um local extremamente perigoso; e uma tentativa de construir o filme a partir de uma perspectiva em primeira pessoa. Se no papel tudo parecia interessante, na prática o diretor Jaume Collet-Serra comete erros primários ao investir seu tempo em elementos extras que não se encaixam na proposta.

Blake Lively interpreta Nancy, uma estudante de medicina que decide se isolar em uma pequena praia mexicana para esquecer a recente morte de sua mãe. Ela decide surfar no local – e logo entra em apuros quando um tubarão ameaça sua vida. Devido ao marketing em cima deste filme, o público talvez se interesse por fazer uma relação mental com Jaws, de Spielberg. Tal comparação, ainda que compreensível, é descartada a partir do momento em que a narrativa se estabelece. Jaws teve um impacto cultural ímpar, criando uma série de padrões para um filme que busque explorar a relação homem contra natureza, ou homem contra predador. The Shallows apenas visa copiar o instrumento desse sucesso – o tubarão – sem ao menos ter em conta a fiabilidade de sua própria trama – amarrada em cenas desnecessárias que focam no corpo de Blake, e abusando de momentos slow-motion. Sobre este último ponto, aliás, um adendo: sem contar os créditos, acredito que a produção tenha 80 minutos de duração, mas a edição é tão desencontrada que em menos de uma hora a história poderia ser facilmente compreendida.

Entendo que a mensagem oculta de The Shallows tenha bastante conteúdo. Sim, é muito perigoso surfar sozinho em locais pouco explorados. Mas estamos tratando de um longa-metragem, e, neste sentido, a produção deixa muito a desejar. Collet-Serra abusa do instante decisivo, que não convence por dois motivos: 1) a trilha sonora não cria laços com o desenrolar da história, alternando dois ou três tons graves para capturar o momento em que o tubarão é protagonista; 2) o próprio predador, que atua como autoridade do local durante uma hora, acaba virando mais um exemplo de animal que acaba se tornando estúpido e cai em armadilhas bizarras, colocando em questão tudo o que o roteiro quis montar nos instantes anteriores.

Blake Lively é uma boa atriz, mas que infelizmente não teve grande oportunidade para abrir sua personagem pela falta de interesse na montagem de sua personalidade. Não seria necessário ficar falando sozinha (Robert Redford em All is Lost é o claro exemplo disso) – mas sim questionar mais o ambiente. Uma chuva de clichês típicos do gênero estragam e comprometem todo resultado final – e a conclusão beira o ridículo. Mais um caótico filme da temporada de verão de 2016 no cinema, passível de esquecimento.

NOTA: 3/10

IMDb

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