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Negócio das Arábias - Crítica do filme

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A Hologram for the King (Negócio das Arábias) – 2016

Dave Eggers é um dos novelistas mais destacados deste novo milênio. Seu padrão de escrita impressiona – e o reconhecimento dos críticos literários tornaram suas obras um alvo para Hollywood. A Hologram for the King (Negócio das Arábias, no Brasil) é o primeiro filme adaptado de uma estória de Eggers, que infelizmente é comprometido pela adaptação do diretor Tom Tykwer, que comete pecados básicos na transição para o cinema.

Hanks interpreta Alan Clay. Na cena inicial, um breve retrato de sua vida é apresentado ao público: divorciado e sem dinheiro para enviar sua filha para a faculdade, ele parte para a Arábia Saudita com a missão de vender uma nova tecnologia de comunicação baseada em hologramas. Sob constante pressão de seu chefe, o executivo enfrenta a difícil tarefa – que também representa uma espécie de salvação em sua carreira. Tão logo ele começa a se adaptar a rotina do local com a ajuda de Yousef (Alexander Black), que vira seu guia no país,  Clay conhece Hassan (Sarita Choudhury), médica que fica responsável pela remoção de um estranho caroço nas costas do homem, e ensaia uma aproximação.

Em A Hologram for the King, temos duas histórias paralelas, que se encontram em um final apressado e inconclusivo. Tykwer não consegue captar o espírito do personagem central, e fez recortes absurdos para não cansar seu espectador. Por isso o roteiro parece flutuar no deserto: as cenas repetitivas são alvo de piada pelo próprio Clay, como se o diretor reconhecesse a necessidade de dizer ao público que estava apresentando em seu filme seis tomadas iguais para dar fiabilidade ao roteiro. É claro que isso toma o efeito contrário, e tais tomadas formam um conjunto desnecessário, que certamente seriam alvo da tesoura de uma boa equipe de edição.

Em determinado momento do filme, o espectador passa a se tudo o que ele está vendo seria uma pegadinha ou uma conspiração. É justamente aí que está o problema do filme! Tykwer não compreendeu que a crítica central de Eggers é feita diretamente ao American Dream – e criou sua própria narrativa em torno de um mistério secundário em torno dos estranhos acontecimentos que envolviam Clay na Arábia Saudita (atrasos, promessas descumpridas e a falta de estabilidade para a apresentação). O melodrama final e as frases de efeito dos últimos minutos são uma tentativa de fazer o próprio público esquecer os erros anteriores, mandando uma mensagem positiva.

Justiça seja feita: os erros grotescos na construção do roteiro jamais passam pela atuação do ator principal. Hanks é o destaque do filme (e não poderia ser diferente). Apesar de ter um personagem precário, tendo em conta o potencial da obra original, ele consegue extrair o máximo de seus diálogos para tentar dar certa credibilidade ao longa. Sem Hanks, A Hologram for the King seria um filme B fruto de uma péssima adaptação, mas sua presença torna a obra atrativa para distribuição internacional – ainda sem esconder o fato de que estamos falando de um frustrante longa, outrora visto como uma grande aposta do mercado de Hollywood.

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NOTA: 4/10

IMDb

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