Eddie the Eagle (Voando Alto, no Brasil) apresenta uma proposta interessante de comédia para a família, com um tom muito próximo aos filmes de superação da Disney. Com base na história real que ocorreu nas Olimpíadas de Inverno de Calgary, em 1988, o diretor Dexter Fletcher populariza um caso curioso do esporte europeu, que deu quinze minutos de fama para Eddie Edwards. O problema é a falta de comprometimento com o que de fato ocorreu.
O protagonista é interpretado por Taron Egerton. Desde pequeno, Eddie queria ser atleta olímpico, e fixa na ideia de entrar na seleção britânica de esportes de inverno após perceber que dificilmente teria espaço no atletismo. É no salto de esqui – pouquíssimo popular no Reino Unido – que ele busca fazer história, desafiando sua própria federação nacional, que via sua tentativa de participar das Olimpíadas como uma grande vergonha, já que ele não tinha o espírito vencedor do restante da equipe. Bronson Peary (Hugh Jackman), ex-atleta que deixou de lado a seleção dos EUA por conta de seus problemas com o álcool e vive como empregado de um centro de treinamentos na Alemanha.
O longa utiliza de alguns recursos visuais para auxiliar na narrativa. É comum ver detalhes sobre o tamanho da pista, por exemplo, para situar o espectador sobre o feito do jovem rapaz. Ainda que a proposta seja aceitável, o fato é que Eddie the Eagle tem uma porção de cenas soltas, que pecam pela falta de articulação. Fica claro que os dois personagens principais não conseguem sustentar uma narrativa que envolve um feito enorme – que é a disputa nas Olimpíadas.O elenco de apoio é bom, mas utilizado da maneira errada. Christopher Walken surge em duas cenas com pouco apelo emocional, e a contextualização da família deixa muito a desejar. Por outro lado, a pressão do comitê britânico para barrar a presença de Eddie aos poucos torna toda a trama envolvente (dentro de suas limitações), com uma típica história de vitória.
O grande problema de tudo isso é que a relação do filme com a história real é mínima – menos de 5%, segundo o Eddie verdadeiro. O clima criado pelo diretor parece deixar claro que nem ele se convence de que a história – por si só – é interessante o suficiente para o mercado mundial Por conta disso, o melodrama ganha muito espaço. Eddie the Eagle não teve um resultado de bilheteria tão bom quanto era esperado, mas o fato de levar ao mundo todo uma história que ocorreu em um esporte de pouquíssima visibilidade é bastante notória, mesmo que uma pesquisa mais aprofundada seja completamente necessária para quem busca tomar conhecimento sobre o que de fato ocorreu no Canadá.
NOTA: 6/10