Zoom é um filme que ganha destaque no cinema nacional por conta dos grandes nomes envolvidos, mas peca ao propor para o espectador um bom desfecho para o entrelaçamento entre suas três histórias paralelas – algo que nunca ocorre e acaba gerando uma conclusão frustrante. O longa dirigido por Pedro Morelli – e que conta com Fernando Meirelles como produtor – sofre de problemas crônicos de roteiro e edição, algo que fica ainda mais claro na controversa seleção de seus personagens.
A parceria canadense-brasileira foi lançada no Festival de Toronto de 2015 em torno da imagem de Gael Garcia Bernal, o filme apresenta a artista de bonecas de sexo Emma (Allison Pill) aperfeiçoando seu homem dos sonhos, o diretor de cinema Edward (Bernal), que torna-se real através dos quadrinhos. A moça passa por um período de incertezas com seu corpo – especialmente com o tamanho de seus peitos – e desconta parte de sua fúria justamente no período em que Ed está envolvido na rodagem de um filme. Espelhando sua busca por validação em uma sociedade agressiva que gira em torno de pré-conceitos, a supermodelo Michelle (Mariana Ximenes) busca provar que é muito mais do que um rosto bonito ao querer escrever um livro, que acaba afetando diretamente Emma e Edward.
Sem sombra de dúvidas a excelente animação que molda a narrativa de Edward é o ponto alto do filme. Junto com a trilha sonora de Kid Koala, ótimas cenas são criadas. No entanto, a falta de articulação das cenas finais é notória – um bom exemplo de muita propaganda para pouco conteúdo. A escolha de Mariana Ximeses me surpreendeu negativamente. A atriz é que mais destoa do padrão de atuação, oferecendo caras e bocas de um melodrama típico de novela brasileira – não é a toa que ela é um dos nomes mais consagrados de nossa tele-dramaturgia. Parte dos problemas de Mariana está no desenrolar da história, que não é amarrada, e deixa as pontas ficam soltas, levando o público para atuar como juiz dentre os absurdos feitos nos minutos finais.
E Bernal? Após uma série muito negativa em sua filmografia, com este longa ele busca um renascimento, que pode virar o empurrão para uma virada na sua carreira, já com sinais claros de zona de conforto. Zoom não é um filme para o grande público. O toque ousado de Morelli investe em cenas de sexo e vê justamente nas relações sexuais a chave para criar desavenças que acompanham cada um dos personagens descritos. Isto deve influenciar diretamente na publicidade e na distribuição do longa, que deve ficar restrito a um punhado de sessões esporádicas nos EUA e na Europa. Ainda assim, é uma opção interessante para o VoD.
NOTA: 5/10