Dentro de suas possibilidades, The Invitation oferece ao público uma história com construção lenta, onde o roteiro progride aos poucos, quase em tempo real. Três quartos do filme são dedicados exclusivamente para aperfeiçoar a sensação de tensão carregada em um ambiente onde todos parecem suspeitos. Ainda assim, The Invitation é limitado e cria uma falsa expectativa de um grand finale.
O casal Will (Logan Marshall-Green) e Kira (Emayatzy Corinealdi) aceitam o convite de Eden (Tammy Blanchard) – ex-esposa de Will- para um reencontro com velhos amigos. Junto de seu namorado, David (Michiel Huisman), Eden apresenta uma nova personalidade, e cita desde o começo que a morte deve ser encarada como uma passagem natual. Além dos amigos em comum, o jantar reúne Sadie (Lindsay Burdge) e Pruitt (John Caroll Lynch), pessoas com personalidades muito peculiares.
Nos últimos quinze anos, uma enxurrada de filmes de terror foram concebidos a partir do padrão de ‘cenário único’. Tal possibilidade permite aos produtores diminuir bruscamente o valor total das filmagens. The Invitation, nesta questão, articula-se muito bem, pois o uso da mansão é justificado através da premissa do reencontro.
The Invitation tem uma boa história de fundo. Will é um personagem complexo, envolto em incertezas. A diretora Karyn Kusama aproveita-se dessa tensão interna para levantar suspeitas sobre o reencontro a partir de cenas que captam os problemas do próprio Will – desde sua trágica chegada ao jantar, até os problemas familiares da época em que era casado com Eden. O elenco é surpreendentemente bom, com posições firmes. Karyn abre a porta para um verdadeiro reencontro, onde cada um fica livre para falar o que bem entender. Até por isso, os antagonistas – criados na cabeça do espectador e na de Will – articulam-se de maneira relevante. Afinal, existe uma conspiração ou tudo não passa de imaginação?
Essa é a pergunta que molda The Invitation, e também é a pergunta que nos faz notar o quanto Kusama esteve determinada de desafiar seu público até o último minuto. No entanto, algumas coisas não funcionam: uma delas é a utilização de falsas situações de tensão – geralmente através da figura do mal encarado Pruitt. Outro pequeno problema está justamente na conclusão do filme. São tantos desafios lançados durante a exibição que aos poucos se torna improvável que o filme vá oferecer um desfecho previsível. Mas o fato é que as primeiras cenas – para quem tem experiência no gênero – já oferecem as linhas gerais para solucionar o caso.
* The Invitation está disponível na Amazon.
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NOTA: 6/10