Seja na América Latina ou na África, é comum ver consultores políticos dos Estados Unidos empregados em campanhas presidenciais para trazer os conhecidos truques sujos, como propagandas negativas e desconstrução da imagem perante o eleitorado. É neste cenário que Our Brand Is Crisis (Especialista em Crise, no Brasil) busca montar sua base de apoio a partir de um caso real.
Jane Bodine (Sandra Bullock) é convocada para trabalhar na campanha de um candidato que busca novamente a presidência da Bolívia. Após ter sido eleito na década de 1990 e ter deixado o país de joelhos ao FMI, o presidenciável visa sair do quarto lugar das pesquisas apenas três meses antes das eleições gerais, enquanto a população protesta nas ruas por mais direitos e por mais representatividade. Bodine tem a dura tarefa de resgatar a credibilidade do politico, ao propagar que o país enfrenta uma profunda crise e que ele seria o único capaz de superá-la.
Um dos erros mais comuns nos filmes que apostam unicamente na figura de um protagonista forte é trabalhar a história em torno de sua perspectiva, criando buracos absurdos e falhas de enredo que são facilmente notadas. Com Our Brand Is Crisis não é diferente, já que os rumos da eleição presidencial são facilmente previstos desde a chegada da personagem de Bullock à Bolívia, onde ela torna um candidato charlatão em salvador da pátria. É claro que isso é extremamente comum – o seriado House of Cards mostra isso com propriedade na ficção e a política brasileira faz o mesmo na vida real – mas o interesse não é de discutir o dia a dia da campanha, e sim de mostrar o quanto aquela mulher está um passo a frente dos outros. Existe uma rivalidade bizarra com Pat (Billy Bob Thornton), consultor de um candidato rival, que torna as coisas ainda mais difíceis, já que, em nenhum momento sequer, o candidato de Jane passa por um momento de crise, como sugere o título do filme.
O problema é que o roteiro não é original – e sim adaptado do documentário homônimo que trata sobre a derrota de Evo Morales para Gonzalo Sánchez de Lozada em 2002, com pesado apoio dos EUA e de grupos de consultores. E a partir do conhecimento prévio dos problemas reais, Our Brand Is Crisis torna-se em uma adaptação sem sentido, apresentando uma dramatização apelativa com uma protagonista fraca, que depende o tempo todo de auxílio externo e que não consegue sustentar nem mesmo suas linhas de diálogo, resumidas a um punhado de citações políticas de peso. Bola fora do diretor David Gordon Green, que não soube manter o nível de Joe.
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NOTA: 4/10