The Finest Hours (Horas Decisivas, no Brasil) teve um orçamento de 80 milhões de dólares. A justificativa da Disney para tal gasto – arriscado por conta da temática envolvida – girava em torno da aposta dos efeitos 3D para criar um oceano vivo, transportando o público para dentro de cenas impactantes. A realidade, no entanto, foi bem diferente: o diretor Craig Gillespie mais uma vez deixa de lado seu laço criativo (como ocorreu com Million Dollar Arm, também da Disney) para vender uma história real e extremamente notória a partir de uma adaptação que gira em torno de um romance melodramático ao estilo Hollywood.
Escrito a partir da base do livro homônimo, The Finest Hours conta o drama do resgate do SS Pendleton, no ano de 1952. Após o navio se despedaçar, Raymond Sybert (Casey Affleck) tenta desesperadamente manter a calma de seus companheiros e construir um suporte. Eles chamam a atenção da estação da guarda costeira de Chatham, em Massachusetts, onde o comandante Daniel Cluff (Eric Bana), que manda Bernie Webber (Chris Pine) e um grupo de voluntários composto por Richard (Ben Foster), Andy (Kyle Gallner) e de um inexperiente marinheiro (John Magaro) para o resgate.
Por melhor que seja a história de Bernie, por nenhum momento temos condições de conhecer a fundo sua visão do próprio trabalho que ele desempenha. O que temos é um homem preocupado apenas com seu casamento com Miriam (Holliday Grainger), que passa a se tornar a preocupação principal. O elenco de peso não é um fator de destaque: Ben Foster está limitado a uma dúzia de linhas; Eric Bana dá vida a um comandante extremamente estereotipado, como se fosse o vilão da história. E Casey Affleck, com sua maneira peculiar de atuação, deixa viva aquela imagem cocky, do homem que sabe tudo, um tanto arrogante.
Fora isso, a sequência do roteiro é bastante grave: o filme entra em elos cíclicos, o que torna suas duas horas de rodagem um peso extra. Após uma lenta introdução, a partir do momento em que o desenrolar do resgate é focado apenas no oceano, os efeitos especiais não chegam ao nível do recente In The Heart of the Sea, que, por sua vez, também foi uma decepção de bilheteria.
A trilha sonora de Carter Burwell surpreende negativamente. Ele deu o tom perfeito a boa história de Anomalisa, mas, neste caso, ficou claro de que suas composições foram usadas para abafar a tempestade. Não existe uma boa construção sonora (isto é, desde o build up de um resgate, por exemplo, até o mesmo tomar lugar) e o resultado é decepcionante.
The Finest Hours é a prova viva de que uma boa história pode ser destruída com um estralo de dedos. Os produtores focaram demais em histórias secundárias do que no próprio resgate, que deveria ter seu escopo estendido. A breve explicação pré-créditos não é o suficiente para apagar esta marca extremamente negativa.
NOTA: 5/10