Joy (Joy: O Nome do Sucesso, no Brasil) é um fracasso total. Em todos os sentidos possíveis, o filme dirigido por David O. Russell falha ao tentar criar drama onde não existia espaço sequer para a comédia. E toda essa distorção da história de Joy Mangano torna o filme como uma propaganda para seu império, que, aliás, pouco é mencionado. É que Hollywood entende que é mais fácil vender ao público uma produção incompleta sobre dificuldades da vida através do abuso do melodrama ao invés de tentar trazer o lado humano real (e racional).
Moral da história: uma mulher se tornou milionária vendendo um esfregão revolucionário e passou a se tornar uma das figuras mais populares da Home Shopping Network (canal de compras dos EUA). Ela é Joy (Lawrence). Para conseguir os feitos, no entanto, ela batalha para convencer seu pai (De Niro) e a namorada dele (Isabella Rosselini) a garantirem o financiamento do Miracle Mop. Os 50 mil dólares iniciais, no entanto, parecem pouco após ela conhecer Neil Walker (Cooper) que comanda um canal de vendas pela TV e aposta no produto.
2015 certamente foi o pior ano da carreira do diretor. Além desta produção, seu filme incompleto de 2008 (Accidental Love, no qual ele exigiu a remoção de seu nome), foi lançado com péssima recepção nos Estados Unidos. A edição decepcionante é apenas um detalhe perto do tamanho caos. Um ponto relevante é que Tom Cross foi chamado para tentar ‘polir’ o filme, mas nem mesmo ele, que conquistou o mundo com o trabalho impecável em Whiplash, conseguiu tirar a percepção que estamos assistindo a um bocado de cenas repetitivas que tentam, desesperadamente, jogar goela abaixo conceitos prontos e identidade previamente construídas (e é nesse momento que descobrimos que o problema de Joy não é apenas na parte técnica: envolve todo o roteiro, e isto afeta os atores, presos em papéis mal esboçados.
O personagem de Robert de Niro é um bom exemplo para discussão: nas primeiras cenas, parece que ele irá tomar o perfil de um homem com forte bipolaridade, confirmada através de flashbacks. A partir da meia hora de longa, no entanto, ele se transforma em um romântico homem, muito preocupado com sua filha. Não existe sequer uma explicação para essa mudança de um dia para o outro – considerando, ainda, que foi justamente essa mentalidade que causou a separação dos pais de Joy e traumatizou sua infância.
Em meio a um filme sem qualquer tipo de pretensão (a não ser mostrar ao mundo como Joy Mangano conseguiu viver o american dream), é óbvio que a personagem principal é o foco das atenções. O elenco secundário, também composto da competente Isabella Rossellini e de um Bradley Cooper bastante contido, não tem força suficiente para participar das decisões que moldam a vida de Joy. Apesar do filme dar certo espaço para seu ex-marido (interpretado pelo bom Édgar Ramírez), isto não é, nem de perto, o suficiente para tirar Jennifer Lawrence do pedestal (é um filme feito para ela, pensado para ela). Por isto as nomeações ao Oscar e ao Globo de Ouro não são surpresa nenhuma.
Joy entrega uma mensagem um tanto quanto confusa. A falta de direcionamento torna a experiência final desagradável, a não ser que alguém se interesse apenas pela presença de Lawrence, De Niro ou Cooper. Do contrário, até mesmo quem é familiar com o império construído por Joy Mangano vai se apavorar com a distorção da história apresentada.
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NOTA: 4/10
IMDb
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