Tempos atrás, documentários como Meru só tinham espaço em canais como National Geographic e Discovery. Pensava-se, erroneamente, que o nicho de pessoas dispostas a assistir este tipo de produção seria bem limitado, afinal, não são todos que gostam de esportes de gelo, muito menos desafios que não envolvam o Everest. Recentemente, a sequência de filmes e documentários produzidos sobre alpinistas chegou a números impressionantes, inclusive com uma boa produção estrelada por Jake Gyllenhaal.
Meru teria condições de ser um documentário muito relevante sobre os perigos do alpinismo. Poderia também contar a história da difícil escalada no monte que dá nome à produção, localizado na Índia. Talvez qualquer outro documentarista optasse por tais caminhos, mas infelizmente não foi isto que aconteceu. Humildade é a palavra que faltou no dicionário do casal de diretores Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi. É compreensível que Chin, alpinista profissional, queira valorizar os feitos seus e de seus amigos, mas isto foi feito de tal forma que Meru mais se parece com um portefólio que visa a promoção comercial de todos os profissionais mencionados.
O documentário tenta ganhar credibilidade ao diminuir a importância de outras montanhas. Em determinada cena, o Everest é jogado como uma montanha qualquer, que não parece páreo para Meru. O pior é ver que não existe nem um pingo de honestidade com o espectador sobre o histórico da montanha, dando a impressão que o grupo liderado por Conrad Anker foi o primeiro a chegar no topo da mesma.
As filmagens foram feitas por Chin durante a escalada – dividida em duas etapas. Em 2008, a primeira tentativa foi fracassada por conta de problemas de organização discutidos pelo integrantes da equipe. Em 2011, o sucesso ganha traços de uma conquista inigualável. O curioso disso tudo é que justamente essa escalada bem sucedida não é abordada com precisão, tomando conta apenas do quarto final da produção. Antes disso, flashbacks e entrevistas mostram as carreiras de cada um dos alpinistas que toparam o desafio, além de conversas informais com esposas e familiares.
É triste ver o potencial perdido de Meru. E pior ainda é notar como Chin deixou de lado a capacidade de inspirar e ensinar para jogar dados e informações irrelevantes sobre uma interessante história.
NOTA: 4/10