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Spectre (007 contra Spectre) - 2015 - Movie Reviews by Dalenogare

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Spectre (007 contra Spectre) – 2015

A história de Daniel Craig interpretando James Bond é um tanto interessante. Após a demissão de Pierce Brosnan por telefone, os produtores buscaram dar um reboot profundo na franquia. Poucos lembram, mas assim que a EON decidiu por Craig, inúmeros protestos foram organizados na internet. Os motivos variavam desde sua estatura até a cor de seu cabelo – que descaracterizada o personagem. O grande problema, no entanto, é que na mesma época foi ventilado o nome de Clive Owen – que recebeu enorme suporte juntos aos fãs.

Em 2006, Craig provou seu valor ao entregar junto de Martin Campbell o melhor filme de todos os 24 ‘oficiais’ – Casino Royale. O fracasso de Quantum of Solace pode ser justificado, em parte, ao excesso de pressão em torno do filme – algo que aconteceu com Brosnan após Goldeneye. O triunfo de Skyfall e a possível despedida de Craig geraram grandes esperanças em Spectre (007 contra Spectre, no Brasil). Por conta de todo o contexto (retorno de Sam Mendes e o maior orçamento da história da franquia – superando em 100 milhões de dólares seu antecessor), Spectre é uma decepção completa, e junta-se a Octopussy e a A View to Kill a lista dos piores filmes da série assinada pela EON.

Tecnicamente, Spectre é um filme que mantém o ótimo nível de seus predecessores: ótimo trabalho de áudio (tanto edição quanto mixagem), boa banda sonora e bons efeitos visuais. O cuidado com a edição deixa a direção de Sam Mendes fora de foco, ela não compromete em nada a história principal. O vilão, desta vez, foi o roteiro.

James Bond (Craig) está na cidade do México para o Festival dos Mortos. Após matar membros da máfia, ele vai atrás de um sobrevivente, líder da máfia italiana, em uma fuga que culmina com um combate dentro de um helicóptero. Após recolher um anel com o símbolo de um polvo, e tomar uma repreensão de M (Ralph Fiennes), Bond revela para Moneypenny (Naomie Harris) que esta missão foi recebida após a morte de sua ex-chefe (Judi Dench). O escândalo gerado por Bond no México veio no mesmo momento em que C (Andrew Scott) passa a pressionar o governo britânico pelo fim do programa 000 ao unir os serviços de inteligência mundial. A partir da parceria com a viúva do italiano (Monica Bellucci) e da filha de um velho inimigo (Lea Seydoux), James Bond conecta os laços de uma história que envolve a figura misteriosa de Franz Oberhauser (Christoph Waltz).

Para quem acompanhou o escândalo de emails da Sony, no ano passado, isto não é nenhuma novidade. Várias revisões da história foram feitas, e os executivos da MGM não se mostravam nem um pouco satisfeitos com o rumo do roteiro. A verdade é que Spectre tenta reunir o melhor de cada versão disponível do guião, mas fracassa copiosamente ao não ter um elo significativo de ligação entre todas as pontas. Para tentar apaziguar os diversos furos, clichês dos piores tipos são atirados na tela, para o espectador engolir a seco. Dentre eles, alguns clássicos: herói prestes a ser morto por vilão, fuga de base inimiga, cenas de ação irreais e a salvação de uma bomba no último segundo. Nem mesmo as referências aos filmes anteriores foi suficiente para amenizar os absurdos apresentados.

A série James Bond nunca foi muito lógica e sempre investiu em uma pequena dose do complexo de Super Homem. A tradicional cena de abertura – neste caso, um o combate eye candy – é a prova disso. O grande problema é que o investimento em um dos filmes mais caros da história do cinema não se reflete no sentimento de fidelidade nas telas. As ruas são desertas, sem vida. Em uma cena de perseguição em Roma, por exemplo, o único carro fora da tomada principal é utilizado como recurso de humor. Ao mesmo tempo, se Bond exibe gadgets do futuro, o mesmo não se pode dizer da adaptação de sua vida a nova era tecnológica. Além da polícia ter papel secundário, como se fosse elemento de menor importância na vida cotidiana, em nenhum momento existe o intercâmbio entre novas formas de comunicação, que poderiam cortar pela metade vários problemas.

Se tivesse sido ambientado na década de 1990, Spectre certamente teria mais sucesso. A ambição da Sony frente a um roteiro fraco e carregado de problemas crônicos colocou Craig em frente a uma dura realidade: terminar sua participação como Bond – afinal, ele teve direito a uma despedida, coisa que Brosnan, por exemplo, não teve – ou tentar dar a volta por cima na próxima produção? Seja como for, nada apaga o fiasco de Spectre.

NOTA: 4/10

IMDb

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