Michael Finkel sempre disse que sua história bem que poderia virar um filme. Após realizar seu sonho de virar repórter do The New York Times, seu mundo desmoronou após seus chefes descobrirem que ele forjou parte de uma matéria sobre o comércio de escravos na África. Sem emprego e com seu futuro comprometido, certo dia um telefonema vindo de Oregon mudou sua vida: do outro lado da linha, um oficial de justiça o informou que Christian Longo, que havia matado toda sua família, utilizou seu nome durante a fuga. Finkel, é claro, foi atrás de Longo. Por qual motivo um jornalista do NYT chamaria tanta a atenção de um criminoso como ele?
Uma história real – que realmente não demorou muito para virar filme – True Story foi uma das grandes apostas da Fox Searchlights para o ano de 2015. Mas a péssima articulação do roteiro com o livro que deu vida ao longa, além de comprometer qualquer possibilidade de premiação, também acabou engessando a atuação do elenco principal.
Jonah Hill interpreta o jornalista. James Franco é o assassino. Em uma hora e meia, Rupert Goold tentou fazer o milagre de contextualizar o crime, tratar sobre a vida de Finkel e sobre a conturbada personalidade de Longo. Mas ficou só na tentativa mesmo. True Story não passa a mínima credibilidade. O toque do filme é extremamente entedioso, e o espectador acaba sendo feito de bobo logo que o diretor propõe desvendar um mistério onde não há espaço nem para um drama comum.
Esta indefinição de gênero – hora drama, hora thriller – incomoda muito. É óbvio que não existe dúvidas sobre a culpa de Longo no caso, mas por qual motivo o diretor quis plantar a semente da dúvida. Ora, o livro de Finkel, que já esteve na lista dos mais vendidos do próprio NYT, dá uma visão completamente diferente da história. Nem a desculpa de licença criativa cabe neste caso. Franco não é o culpado por ter que dar sorrisos sem graça; e Hill, ainda que competente, apresenta uma versão concentrada e séria do mesmo personagem de The Wolf of Wall Street – com uma confiança cega no ser humano, carregando a certeza de que tudo daria certo.
Por este motivo, o fracasso de True Story não é nenhuma surpresa. A fotografia de Masanobu Takayanagi, ainda que interessante, não é o suficiente para convencer alguém a assistir este filme. Problemas de edição, escolha da trilha e até mesmo de uso do elenco (é incompreensível e injustificável uma atriz do calibre de Felicity Jones ser tão mal utilizada!) afetam o longa do início ao fim.
Desastre!
NOTA: 4/10