Na década de 1970, Philippe Petit foi uma estrela urbana de Nova York. Sua travessia nas torres do World Trade Center, na manhã do dia 6 de agosto de 1974 dividiu os nova-iorquinos e os trabalhadores de Manhattan entre os que assistiram com espanto – ao vivo – uma das apresentações mais arriscadas já registradas pelo homem moderno e aqueles que acompanharam a repercussão na televisão.
Em 2008, o excepcional documentário Man on Wire resgatou com precisão os eventos daquele dia através de entrevistas e flashbacks emendados em uma narrativa de tirar o fôlego. Para uma nova geração que foi abalada pelo 11 de setembro, Man on Wire reviveu tempos de ouro – tanto de NY quanto daqueles que participaram dos anos iniciais do WTC.
Mas Hollywood nunca dorme: a TriStar buscou Petit para formalizar uma nova parceria: desta vez, ao invés de um documentário, Robert Zemeckis foi escalado para comandar um orçamento de 35 milhões de dólares – cujo maior foco seria na interação da história da travessia com o público graças a tecnologia 3D.
Para formalizar sua obra dentro do gênero biográfico, Zemeckis apostou em Joseph Gordon-Levitt como protagonista. Puxando um sotaque francês – que é surpreendentemente positivo – o astro dá vida a Petit desde seus passos iniciais, na França. Seu relacionamento com sua esposa, Annie (Charlotte Le Bon) e com seu mentor, Papa Rudi (Ben Kingsley) dá tom as origens do equilibrista – que fica encantado pelas torres gêmeas e decide colocar um fio de arame entre elas – em suas palavras, o ‘objetivo de sua vida’.
Para seguir a epopeia de Petit, o diretor tomou um rumo bem diferente de Man on Wire. Apostando na narrativa em primeira pessoa, Levitt dialoga com seu público com seu pano de fundo – que é o destaque principal do filme. Em nenhum momento as torres são vistas como secundárias. Ao contrário, elas completam Petit. Por isto, nas sessões de Manhattan, entende-se os relatos de rios de lágrimas logo ao rolarem os créditos finais.
O 3D – promovido como uma ‘experiência única’ – realmente apresenta bons efeitos. A noção de profundidade é interessante, e – neste caso- os produtores acertaram a mão na adaptação de NY, com ótimos figurinos e uma agradável banda sonora. Apesar disso, não há motivos para tirar o lugar de Man on Wire como a principal fonte de acesso à história de Petit.
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NOTA: 6/10