Bill Condon é um diretor que coleciona altos e baixos em sua carreira. No melhor momento dela, aliás, Ian McKellen estava ao seu lado para estrelar em Gods and Monsters, que lhe renderia o Oscar de melhor roteiro e uma nomeação a Ian para melhor ator. Os anos passaram e cada um optou por um rumo diferente em Hollywood. Em um reencontro, anos atrás, Bill e Ian decidiram se unir para um último projeto, no período que eles chamaram de ‘pré-morte’. O resultado foi Mr. Holmes (Sr. Holmes, no Brasil), adaptação da obra A Slight Trick of the Mind, escrita por Mitch Cullin há dez anos atrás.
Não é novidade nenhuma que Sherlock Holmes criou uma legião de fiéis fãs ao longo do mundo. Novelas de rádio, quadrinhos, séries de televisão e dezenas de filmes foram feitos em cima da investigação de casos difíceis, resolvidos graças ao talento e carisma únicos do personagem. Por conta desse costume, é um tanto quanto estranho dizer que Mr. Holmes não tem como foco a análise direta e exaustiva um caso. Desta vez, os esforços são voltados para a pessoa de Sherlock, com o principal objetivo de compreender o período de transição que ele vive no final de sua vida.
A história é ambientada no ano de 1947, em uma pequena província da Inglaterra. Com 93 anos e vivendo sob anonimato, Sherlock (McKellen) divide sua residência com sua cuidadora, Munro (Laura Linney) e com o filho dela, o simpático Roger (Milo Parker), que se aproxima de Holmes através do interesse pela criação de abelhas do idoso.. Certo dia, o menino pega um manuscrito antigo que trata do último caso do detetive. A história havia sido publicada em livro por Dr. Watson, mas Holmes sabia que boa parte daquilo era ficção. Graças a curiosidade do garoto, ele se esforça para tentar lembrar o que realmente aconteceu em um caso que envolvia um marido desesperado (Patrick Kennedy) e uma esposa aparentemente depressiva por conta da morte de seus bebês (Hattie Morahan), em um mistério que envolve um estranho instrumento musical. O problema é que Holmes, com graves problemas de memória por conta de sua idade avançada, não tem ideia de como fazer para solucionar este quebra-cabeça. Por isto, Roger torna-se uma figura chave – servindo de motivação para o personagem principal.
McKellen tem o poder ímpar de prender a atenção de seu espectador. Seja nos flashbacks que remetem Holmes ao seu último caso ou mesmo em sua doença, é notável a dedicação do ator ao papel. Ele realmente incorpora o personagem em todos os sentidos. A leve trilha sonora acompanha a indecisão do protagonista, e aos poucos o mistério – nem de perto algo surpreendente ou fora do comum – é desvendado.
Boa surpresa deste ano, Mr. Holmes pode render a Ian mais uma indicação ao Oscar. Já faz algum tempo que a Academia faz questão de nomear atores de elite no final de suas carreiras, como é o caso aqui. O problema é que a categoria este ano será uma das mais disputadas da história, com pelo menos uma dezena de candidatos fortes, a começar por Leonardo DiCaprio (Revenant). Com ou sem prêmios, a reunião de Condon com McKellen veio em boa hora para os fãs de cinema.
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NOTA: 7/10
Sherlock Holmes sempre foi meu personagem favotito nos livros
No mundo das telonas, fiquei extremamente feliz com essa sequencia estrelando o Robert Downey Jr