Dentre todos os filmes que marcaram o gênero terror, Halloween sem dúvida é um dos mais importantes. Com pouquíssimo dinheiro na mão, John Carpenter e a jovem produtora Debra Hill sabiam que o roteiro que eles haviam escrito em conjunto era forte demais, uma novidade tremenda dentro do gênero slasher, que dava seus primeiros passos. Ao escrever sobre a experiência de assistir a este longa em 1978, Roger Ebert comparou esta produção a Psycho – o que é muito justo, por sinal, já que ambos são marcos que instalaram profundas bases e semearam o campo para outros filmes relacionados.
A diferença, no entanto, é que Alfred Hitchcock, em 1960, já era considerado um dos maiores diretores da história do cinema, premiado e laureado nos maiores institutos cinematográficos do mundo. Carpenter, em 1978, apenas estava começando sua carreira, e suas duas experiências anteriores não foram o suficientes para deslanchar em Hollywood. Por conta disso, é necessário dizer que Halloween começou do fundo do poço, e Debra Hill teve que se contentar com um financiamento de 300 mil dólares para conseguir colocar seu sonho em prática.
Sonho, por sinal, que começou de forma curiosa: após assistir Assault on Precinct 13, o investidor Moustapha Akkad pressionou Carpenter para criar um roteiro sobre um serial killer que matava babás. John e Debra foram além, e criaram um personagem que seria reconhecido não pelo rosto, mas pelo seu traje maltrapilho e pela sua máscara – comprada em uma loja por dois dólares, que, teoricamente, deveria ser a máscara para a fantasia de Captain Kirk. Os traços de personalidade de Michael Myers não foram explorados por um segundo – e não seriam necessários, pois tanto John quanto Debra tinham a certeza de que o publico aceitaria a história e que Michael voltaria as telas – o que de fato aconteceu, em uma franquia que recheou os bolsos de todos que apostaram no seu potencial.
A experiência da exibição de Halloween é única – e, nas palavras de Ebert, ‘visceral’, já que não estamos apenas assistindo a um filme, ele acontece diante de nossos olhos, em uma interessantíssima articulação com o público. A história principal conta como Michael, um homem que havia assassinado sua irmã na noite de Halloween quando criança, foge do sanatório e retorna para sua terra natal, Haddonfield. Enquanto seu psiquiatra, Sam Loomis (Donald Pleasence) tenta detê-lo, Myers busca matar – sem um motivo claro – Laurie Strode (Jamie Lee Curtis).
Com um roteiro excelente em mãos e com dinheiro limitado, as opções não eram muitas. Atores em começo de carreira foram recrutados – e usaram suas próprias roupas – ao mesmo tempo que o filme buscaria base em Donald Pleasence, ator com certo reconhecimento no mercado interno, e na aposta da jovem Jamie Lee Curtis, que dava seus primeiros passos e teve em Halloween sua primeira oportunidade em um longa metragem, naquele que seria o boom de sua carreira.
Boa parte do sucesso deste filme está atrelado a sua impecável trilha sonora – especialmente o marcante tema principal – que criam um perfeito ambiente de tensão nos espectadores. Tanto é que o filme se popularizou graças ao boca a boca – e seus números de bilheteria aumentaram consideravelmente após a segunda semana de exibição nos cinemas. Halloween foi um dos maiores sucessos da história do cinema em se tratando de filmes de terror. Seu sucesso foi responsável pelo início da era de ouro dos slashers – e a trama que envolvia Michael Myers não apenas ganhou uma fiel legião de fãs, como também serviu de fonte de inspiração para uma nova geração de roteiristas e diretores.
NOTA: 10/10
One thought on “Halloween – 1978”