The Water Diviner (Promessas de Guerra, no Brasil) marca a estreia de Russell Crowe como diretor de um longa metragem. Com experiência anterior de três documentários e uma carreira brilhante premiada com o Oscar de melhor ator em 2001, as altas expectativas em torno deste filme não se confirmaram e o resultado final deixa muito a desejar.
Russell Crowe interpreta Connor, um australiano que perdeu seus três filhos na sangrenta Batalha de Galípoli, na Primeira Guerra Mundial. Durante quatro anos, ele e sua mulher sofreram com o luto que tomou conta de suas vidas, o que acaba resultando no suicídio da mulher. Por conta disso, Connor promete perante seu túmulo que irá trazer os restos mortais dos meninos para sua terra natal. Contra a vontade dos oficiais britânicos, ele vai para a Turquia e entra em um território marcado pela morte cumprir sua palavra.
Obviamente Crowe é o destaque – e o filme é todo rodado a partir de sua imagem. Em sua estadia na Turquia Connor encontra uma mulher e uma criança que o auxiliam no dia a dia, em meio a um ambiente de agitação popular por conta de Mustafa Kemal Atatürk. Obviamente existem coincidências e fatos que dão a trama um ar de suspense, mas desde os primeiros minutos nota-se o desfecho previsível que o longa irá tomar. O simbolismo do título infelizmente não tem uma explicação aceitável, e, por incrível que pareça, a tradução do Brasil faz muito mais sentido do que o que vemos na tela do cinema. Water Diviner é um homem capaz de descobrir poços no deserto – através da radiestesia. A primeira cena faz sentido, já que Connor realmente acha um poço d’água em um improvável solo ressecado, mas a partir dali existe um rompimento no roteiro, que deixa de lado a vida cotidiana do protagonista para focar na busca desesperada pelos seus filhos.
Ainda no script – baseado no livro homônimo – existe uma tentativa de venda da história como algo real, o que definitivamente não é verdade. A “inspiração” nos fatos reais está apenas no contexto da Primeira Guerra Mundial. O resto é um drama histórico ficcional de baixa qualidade que abusa dos mesmos recursos batidos e explorados constantemente há décadas. O primeiro passo de Crowe na direção aponta para um rumo certo – pelo menos na questão temática, com uma excelente ambientação e bom uso de recursos sonoros – mas que necessita uma grande série de aprimoramentos, especialmente na questão técnica.
NOTA: 5/10