NOTA: Para acessar a crítica do filme The Disappearance of Eleanor Rigby: Them (Dois Lados do Amor, no Brasil), por favor, clique aqui
Recentemente um leitor me enviou um e-mail perguntando o motivo pelo qual os três filmes da série The Disappearance of Eleanor Rigby não deslancharam nos Estados Unidos. Aproveito a oportunidade para responder a este questionamento trazendo para análise Him, um dos dois filmes lançados no Festival de Toronto de 2013 que trata sobre a visão dos acontecimentos que marcam a vida do jovem casal a partir da perspectiva de Conor Ludlow (interpretado por James McAvoy). Antes de continuar, ressalto que os dados sobre o filme podem ser encontrados na crítica de Them, cujo link está disponível acima.
Passada a época das premiações e o completo esnobe a produção dirigida por Ned Benson, é notório que tanto a crítica quanto o grande público não aprovaram a forma com que a história de amor foi bolada. Ora, ao mesmo tempo que tal análise é correta, ela deixa de lado qualquer possibilidade de discussão sobre o motivo do fracasso – algo que deve servir como um grande aprendizado para Benson.
O caso de Him, por exemplo, é muito interessante. Se o espectador fosse ao cinema para assistir a este filme, sem saber de absolutamente nada da história tratada na tela, ou sairia correndo da sessão antes de seu final (como aconteceu em Toronto) – ou ficaria absolutamente perdido. O problema é que, apesar da ideia de tratar de um objeto (que neste caso é o drama pessoal de um jovem casal) a partir da visão dos personagens principais ser válida, não existe um mercado pronto para consumir este tipo de filme! É muito difícil, por exemplo, encher uma sala de cinema com pessoas aptas a esperar 190 minutos (divididos em dois filmes) para captar a ideia do diretor e comprar a história. É inviável, e, no gênero drama-romance, beira o absurdo. Por isso o lançamento de Him e Her nos Estados Unidos foi extremamente limitado (e agora os curiosos para ver os cortes com os pontos de vista podem assistir em home-video, mas ainda sem previsão para chegar ao Brasil).
O filme citado neste post tem 96 minutos de duração foca apenas em Conor, é claro. Podemos observar uma grande quantidade de detalhes que ficaram para trás no corte final – e eles são interessantíssimos, pois trazem uma nova perspectiva da relação. Por conta do projeto apostar que o espectador fosse sair deste filme e ir ver o outro, ás vezes é duro ver uma cena se arrastar sem nenhum encaixe – com o intuito único de mostrar o mundo ao redor. Se não fosse as polêmicas envoltas na produção e no corte final que deu origem a Them, muito provavelmente a história de romance bem produzida e com bons atores seria vista de outra forma. Him é parte de um experimento que não deu certo, mas deve-se fazer justiça ao resultado final projeto, que é interessante, no mínimo.
NOTA: 6/10