Justiça seja feita: San Andreas (Terremoto: A Falha de San Andreas, no Brasil) conta com alguns dos melhores CGI já vistos na história do cinema. Por conta disso, os fãs de filmes de desastre – que teve seu auge na década de 1970 e desde então luta para reconquistar seu espaço – sabem de antemão que estamos diante de um prato cheio para o gênero. Dito isto, cabe ressaltar que San Andreas tem uma série de pecados cruciais em seu roteiro e aposta em uma história bizarra e decisões um tanto quanto questionáveis para manter o rating PG-13 nos Estados Unidos (se tornando uma opção viável para os adolescentes).
Dwayne “The Rock” Johnson interpreta Ray, um homem que trabalha como piloto de helicóptero na divisão de resgate do corpo de Los Angeles. Em meio a um processo de divórcio com sua esposa Emma (Carla Gugino), ele mostra-se preocupado com o destino de Blake (Alexandra Daddario), que está prestes a abandonar a cidade para ir para a faculdade e morar com seu padrasto, Daniel (Ioan Gruffudd). Em meio a tudo isto, um geologista (Paul Giamatti) descobre um padrão de pequenos abalos sísmicos que indica que a Califórnia está prestes a receber o maior terremoto já registrado. O problema é que enquanto Ray trabalha, Blake está em apuros em San Francisco, e sua ex-esposa pede socorro em Los Angeles. Para reunir sua família, o protagonista enfrenta variados problemas.
A escolha do elenco é bem interessante de se analisar, já que cada um desempenha com bastante competência seus papeis: temos na figura de The Rock um homem capaz de tudo para salvar sua família da morte. Sem medo de nada, sua habilidade de pilotar helicópteros e aviões torna-se chave para amarrar as histórias paralelas. Emma é aquela mãezona coruja que não consegue ficar um segundo longe da sua filha. Blake é a menina bonita que aprendeu com seu pai técnicas de sobrevivência que a ajudam em meio ao desastre, especialmente após encontrar dois irmãos britânicos que seguem a jornada com ela.
Por conta do alto investimento neste longa (mais de 100 milhões de dólares), a Warner Bros optou por um filme family-friendly. Você deve estar se perguntando: mas como fazer um filme deste tipo tendo em vista as catástrofes anunciadas? Ora, é muito fácil. Ao invés de explorar a morte, San Andreas opta por contar incríveis histórias de sobrevivência. Por conta disso, você não verá sequer um corpo em meio ao terremoto de 9,6 graus na escala Richter. Tal opção é compreensível, já que existe a clara pressão por resultados de bilheteria favoráveis para compensar os custos, mas também é perturbadora ao notar que teríamos a possibilidade de ter um produto final completamente diferente, quem sabe com muito mais pela qualidade.
Os excelentes efeitos CGI mostram de longe a completa devastação do Estado da Califórnia. Porém, as sucessivas tomadas em terra firme tratam de amenizar a escala da devastação, já que as sucessivas quedas de prédios parecem não surtir efeito nas pessoas. Blake, por exemplo, consegue escapar das mais bizarras situações. Outro fator que é negativo está na base geral do roteiro, que é armado em torno da família de Ray. Ele cruza toda a falha de San Andreas atrás de sua mulher e de sua filha, se arriscando em situações completamente absurdas que quebram com o ar de tensão gerado durante as cenas. Entre tantos casos que poderia citar, certa vez Ray parte para encontrar Blake a bordo de uma pequena lancha. Isto não seria um problema caso os dois não estivessem totalmente sem comunicações – e em meio as ruínas de San Francisco. Mais difícil do que achar uma agulha no palheiro, o encontro envolve até mesmo uma ressuscitação – deixando claro aquela ideia de “ah, isso só acontece em filmes mesmo!”.
San Andreas é uma boa opção de entretenimento, mas peca por não aproveitar seus efeitos espetaculares ao apresentar uma história completamente sem sal.
NOTA: 3/10
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