Jennifer Aniston e Julianne Moore entraram na corrida do Oscar com histórias parecidas. As duas, que buscavam recuperação por conta de péssimas decisões tomadas nos últimos anos de suas carreiras, optaram por apostar em pequenos projetos que tinham como foco o sofrimento psicológico de suas personagens. Como todos sabemos, Moore venceu o Oscar com o bom Still Alice – e Aniston conseguiu apenas uma indicação ao Globo de Ouro (fruto de muito jogo de bastidor de sua parte). Em suma, Cake (Cake: Uma Razão para Viver, no Brasil) decepciona por não conseguir manter um patamar aceitável durante toda a exibição. O diretor Daniel Barnz pegou um roteiro problemático e mesmo assim tentou transformar água em vinho, o que se mostrou uma péssima opção.
Claire Simmons (Aniston) faz parte de um grupo de terapia que visa ajudar pessoas que perderam seus queridos em acidentes trágicos. Apesar de ser uma mulher com excelentes recursos, ela é prisioneira de seu corpo, completamente dependente dos calmantes e antidepressivos controlados. A culpada de tudo isso foi Nina’s (Anna Kendrick), parceira de seu grupo que acabou se suicidando e piorando ainda mais a situação. Após seu marido a abandonar, ela passa a ser cuidada por Silvana (Adrianna Barraza), que faz o possível para dar o mínimo de conforto a sua chefe.
Dizem em Hollywood que os extremos sempre trazem problemas. Cake confirma justamente isso. A opção por não colocar maquiagem em Aniston até que é válida e dá um tom de realidade e aproximação com o cotidiano que não estamos acostumados. O problema é que esta é apenas a ponta de um iceberg que visa tornar os 100 minutos do espectador na sala de cinema em um verdadeiro inferno. Não existe nenhum sentimento de progressão no roteiro, já que a personagem começa o longa da mesma forma que termina. A última cena, por sua vez, é uma espécie de wake up call digno de uma novela colombiana e apenas acentua a série de absurdos explorados. É triste ver a protagonista ficar apenas reclamando de dores e usando remédios controlados – com pouquíssimas novidades, já que ela anda um passo para frente e um passo para trás, o que torna tudo ainda mais monótono.
Aniston não era a primeira opção para este papel (os produtores não revelaram qual atriz de topo rejeitou o roteiro que havia sido escrito para ela), mas tomou para si a responsabilidade de levar o drama de Claire para toda Hollywood. O problema é que Moore tinha em mãos um filme muito melhor e com uma mensagem muito mais profunda do que a apresentada aqui. Com imensas falhas no roteiro, Cake estreia no Brasil no dia 30 de abril, com sessões limitadas. Fracasso nos Estados Unidos, Aniston mais uma vez fica devendo.
NOTA: 3/10