Sempre deixo claro que é impossível comparar as animações dos Estados Unidos com as feitas no Japão. Enquanto as americanas buscam impressionar pela qualidade gráfica, as orientais tem toda uma construção que visa mostrar uma história com um verdadeiro senso de profundidade. No caso de Kaguyahime no monogatari (O Conto da Princesa Kaguya, no Brasil), todo o desenvolvimento é feito a partir do Conto do Cortador de Bambu, narrativa do século X que é a mais tradicional e antiga daquele país.
O primeiro projeto feito pelo grande Isao Takahata em parceria com o Studio Ghibli desde 1999 trata sobre a vida de simples casal que foi abençoado com riquezas após descobrirem um bebê dentro de um caule de bambu. A menina recebe Kaguya e que se desenvolve de maneira muito mais rápida do que um humano normal. Entre os vários temas abordados, destacam-se o detrimento da moralidade do cortador de bambu por conta da busca por cada vez mais firme por poder e dinheiro, além da verdadeira noção da amizade e do amor.
O ponto alto desta animação está na harmonia entre os personagens e fotografia. Em uma memorável cena, a princesa corre desesperadamente e os traços em preto e branco dão uma sensação de movimento ímpar. Toda a pesquisa em torno da cultura japonesa foi feita de forma impecável – um dos grandes trabalhos neste quesito desde o começo deste milênio na área da animação. O conto original foi alterado para dar lugar a uma enfase maior na pureza da princesa do que nos demais elementos mágicos apresentados. Por certas vezes parece que existe um certo anacronismo, pois Kaguya parece ser uma japonesa da década de 2010 que visa desconstruir padrões culturais muito bem estabelecidos naquela época. A boa trilha sonora reforça as cenas decisivas do filme (mais um exemplo) e deveria ser uma lição as animações estadunidenses, que volta e meia pecam feio na inserção das trilhas.
Infelizmente o filme tem poucas chances de Oscar, um absurdo que infelizmente acontece por conta dos membros da Academia não prestigiarem como devem as animações feitas fora dos Estados Unidos. Mas isto não tira o brilho desta emocionante história!
NOTA: 8/10
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