Primeiro longa dirigido por Jacques Tati, Jour de fête (Carrossel da Esperança, no Brasil) é uma deliciosa comédia francesa no período pós Segunda Guerra Mundial.
O roteiro pode ser facilmente dividido em três partes: na introdução, o espectador descobre que um pequeno vilarejo está organizando sua tradicional festa anual; o desenvolvimento, mostra o trabalho do atrapalhado carteiro François (Jacques Tati), que parece entrar em depressão ao assistir um documentário sobre a agilidade do sistema postal americano e a rapidez de entrega das cartas; por fim, podemos acompanhar a tentativa de François em copiar o modelo americano, com muito bom humor, é claro.
Apesar de ser um filme curto (79 minutos) os minutos iniciais deixam a desejar e não fazem jus a tamanha diversão proporcionada nas cenas finais.
Tati filmou esta produção com uma câmera em preto e branco e outra colorida, utilizando a tecnologia Thomson – um método de coloração que ficou obsoleto antes que os franceses pudessem levá-lo as telas. Somente em 1995 um grupo de restauradores conseguiu encontrar um meio de passar os quadros para um rolo de filme. O resultado ficou muito bom (apenas a sincronização do áudio, que foi retirado da cópia em p/b, deixa a desejar em algumas cenas). A fotografia em cores é também uma fonte de grande utilidade para entender um pouco da vida no meio rural francês. A simplicidade do dia-dia é retratada através dos olhos de uma velha senhora, uma forma que Tati encontrou para retratar aquela típica mulher de uma cidade pequena que sabe a vida de todos.
Com elementos que lembram as produções de Buster Keaton na década de 1920, Jour de fête é essencial para avaliar a evolução do diretor, que se tornaria o principal expoente do gênero comédia na França. Indispensável para qualquer fã de cinema. Como de costume, recomendo a versão em blu-ray da Criterion, que vem recheado de extras interessantes.
NOTA: 7/10
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