Uma equipe de ponta: roteiro dos irmãos Coen, alguns dos melhores produtores de Hollywood, fotografia de Roger Deakins, composições do grande Alexandre Desplat e uma equipe de edição liderada por Tim Squyres e William Goldenberg. Pouco poderia dar errado no filme dirigido por Angelina Jolie, uma vez que a Universal Pictures havia comprado os direitos para exibir a história do corredor olímpico e prisioneiro de guerra Louis Zamperini no começo da década de 1950. Semanas após Laura Hillenbrand lançar o livro que deu título a este filme (que chega no Brasil com o título de Invencível), o estúdio garantiu a compra do direito de adaptação e tocou adiante o projeto que era considerado pelos executivos americanos como um forte candidato ao Oscar, caso a execução fosse bem feita.
O longa começa em 1943, quando a equipe do corredor olímpico Louis Zamperini (Jack O’Connell) enfrenta a morte por conta de uma arriscada batalha no Oceano Pacífico. Esta cena é a melhor do filme pois é a única imprevisível. Uma vez acostumados com a trajetória imposta por esta produção, nos deparamos com uma série de flashbacks que abordam a difícil infância de Louie. De volta para a guerra, uma missão de resgate dá errado e o avião de Zamperini cai no Pacífico, local no qual ficaria quarenta e sete dias em uma boia junto de dois companheiros, sendo que um deles faleceu no trigésimo terceiro dia. Preso por uma esquadra de patrulha japonesa, Louis sofre nas mãos dos japoneses após criar uma rixa com o comandante do campo de internamento, Mutsuhiro Watanabe (Takamasa Ishihara).
Em seus 137 minutos de duração, Unbroken coloca no lixo todo o trabalho desenvolvido por Hillenbrand – que fez mais de setenta entrevistas com Louis – e perde-se em uma narrativa bastante questionável. O erro está na distribuição dos flashbacks, que não segue um padrão uniforme. Tanto os primeiros passos de Louis no atletismo quanto sua trajetória nas Olimpíadas de 1936 são mostradas antes de completarmos metade do tempo de rodagem. Acredito que o filme poderia tomar um rumo mais aceitável caso tivéssemos um flashback após cada sessão de espancamento ou humilhação sofrida pelo americano em sua estadia no Japão – que poderia incluir, por exemplo, sua conversa com Adolf Hitler e até mesmo o roubo da bandeira suástica em território nazista. E digo isto no intíuto para tentar corrigir o maior problema do filme, que é a atenção excessiva para a violência, que ás vezes parece uma tentativa desesperada para Zamperini um mártir.
Destaque, no entanto, para o minucioso trabalho feito para colocar o espectador no meio das Olimpíadas de Berlim e na Segunda Guerra Mundial. As recriações dos B-24 e dos campos de internamento de Omori e Naoetsu contaram com uma grande equipe técnica composta por historiadores e membros do exército. As lindas tomadas em alto mar confirmam que Unbroken tem um potencial muito grande que não foi atingido por completo, talvez por falta de experiência da diretora, que tentou apagar o vexame de In the Land of Blood and Honey com uma histórica típica de Hollywood.
Nas cenas finais ocorre uma certa chantagem emocional que tenta levar o espectador as lágrimas totalmente desnecessária. Louis Zamperini passou por dois grandes testes de sobrevivência, lutou, venceu e viveu em paz até seus 97 anos. Jolie abusou do preciosismo e quis dar um passo maior do que poderia.
NOTA: 6/10
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