Entre acertos e erros. A animação americana The Boxtrolls (Os Boxtrolls, no Brasil) conquistou consideráveis números na bilheteria mundial e aprimorou a técnica do stop motion, entregando lindos efeitos gráficos. Mas a precariedade do roteiro não deixa espaço para qualquer outra consideração positiva.
Os Boxtrolls são pequenos monstros que vivem nas profundezas da dickensiana Cheesebridge. Ao contrário do imaginário popular, que os considera destruidores e maldosos, estas criaturas coletam todos os tipos de lixos para suas criações. Os Red Hats, grupo criado pelo vilão Snatcher (voz de Ben Kingsley), prometeram destruir todos Boxtrolls – mas com a condição de que seu líder entrasse no clube dos White Hats – os adoradores de queijo – criado pelo Lorde Rind (Jared Harris). O único que pode salvar os monstros da aniquilação é Eggs (Isaac Hempstead Wright), um humano adotado pelos estranhos seres ainda quando jovem, e que tenta mediar um acordo de paz.
Mas se o filme é voltado para o público infantil, como fazer um roteiro agradável a todos? Se tal questão não é chave para os produtores, ainda assim deve ser levada em conta, principalmente no caso de uma nova franquia. Ao optar por uma história muito simples, apostando na premissa básica do bem contra o mal, temos um problema para sustentar uma continuação. Falo isto tendo em conta que o estúdio Laika acertou a mão com Coraline e regrediu dois passos com The Boxtrolls. Quem viu a animação nomeada ao Oscar, em 2010, certamente esperava algo muito melhor.
Neste caso, não podemos dizer que existe uma magia entre os mocinhos, já que tudo é apressado e entregue de bandeja ao espectador. Não existe a mínima tentativa de contextualizar a existência dos Boxtrolls, por exemplo, e as explicações ficam muito aquém do esperado. Infelizmente a história não vive por suas próprias pernas, já que, com mais da metade de rodagem, ela poderia ser definida de forma positiva se não fosse o intuito dos roteiristas de criar um grupo de cenas totalmente desnecessárias que ocupam preciosos trinta minutos. Seria a solução do que já foi solucionado, o que é uma pena, especialmente pelo fato da adaptação surgir de um livro de mais de quinhentas páginas (Here Be Monsters!, de Alan Snow).
O trabalho de dublagem é bom, mas fica de lado pela falta de profundidade dos personagens, que não tem carisma algum. Por conta das demais animações deste ano, a nomeação de The Boxtrolls ao Oscar não é nenhuma surpresa (ainda mais com Lego de fora). Fora o aspecto visual, nenhuma novidade.
NOTA: 5/10
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