Feliz 2015!
Nada melhor do que começar o ano com o pé direito e trazer a crítica de um dos longas europeus mais cultuados de 2014. Force Majeure (Força Maior, no Brasil) é dirigido por Ruben Östlund, um dos jovens diretores desta boa geração do cinema sueco, e nos apresenta uma história do mais alto calibre. Aliás, toda a ideia para a confecção deste filme surgiu de um vídeo no Youtube!
Tomas (Johannes Bah Kuhnke) e sua esposa Ebba (Lisa Loven Kongsli) vão para os alpes franceses com seus filhos, Vera e Harry (Clara e Vincent Wettergren). O que pode dar errado nestas férias de luxo? Aparentemente a família tem muito dinheiro, mas desde a primeira cena algo parece não estar totalmente certo entre eles. As crianças estão inquietas e o casal troca olhares desconfiados. Durante os seis dias em que a família planejou esquiar, acompanhamos a deterioração do relacionamento dos adultos, explicados de forma brilhante na cena que dá o título ao filme (e imagem destacada neste post). Sentados em um restaurante, uma avalanche chama a atenção de todos os hospedes que estavam no local. Tomas começa a filmar e diz que é algo controlado, mas a velocidade da queda da neve é tão grande que, enquanto Ebba protege seus filhos, o homem sai correndo desesperadamente. A seguir, Ebba passa a descontar toda sua raiva (acumulada?) em seu marido com tentativas de desmoralizá-lo perante amigos do casal.
O diferencial deste longa é saber abordar o drama familiar de forma bastante dura, mas aliada a uma trilha sonora impecável e um toque de humor muito característico do cinema nórdico. Os pequenos detalhes na transição de cenas (sempre suave, por sinal) são notáveis e, durante as duas horas, temos aquela boa sensação de pulga atrás da orelha, sempre querendo saber algo a mais do que é contado. Obviamente, a fotografia não chama a atenção por si só, mas é justamente o impacto desta paisagem branca que aumenta a tensão no espectador. Sim, algo está errado, mas não sabemos se os problemas enfrentados pelo casal começaram antes desta viagem ou foi tudo por conta do incidente do restaurante.
Posteriormente, a discussão sobre a avalanche ganha outro rumo quando Mats (Kristofer Hivju) e sua jovem namorada (Fanni Metelius) buscam compreender o motivo de Tomas ter fugido de sua família. Entre as diversas explicações, por trás de toda a discussão moral do caso existe uma tentativa de compreender a real personalidade de Tomas, que se divide entre o homem da casa e o homem de negócios, algo que nem ele mesmo consegue entender.
Excelente filme, que merece todo o reconhecimento possível – e que deve ser indicado ao Oscar de língua estrangeira.
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NOTA: 8/10
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