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Interstellar (Interestelar) – 2014

Interstellar é um grande filme.

Começo esta crítica com a certeza de que estamos falando de um longa que tem tudo para levar vários prêmios técnicos da Academia.

Em um futuro próximo, onde o ecossistema da terra começa a dar sinais de esgotamento, a possibilidade de uma crise de alimentos e a consequente extinção da raça humana é vista como algo cada vez mais certo. Durante uma época em que as nuvens de poeira cobrem as cidades, o ex-piloto da NASA e agora fazendeiro Cooper (Matthew McConaughey) é recrutado pelo respeitado Dr. Brand (Michael Caine) para participar de uma missão com o objetivo de entrar em um recém descoberto buraco de minhoca – que possivelmente foi colocado lá graças a uma forma de vida ainda desconhecida – para viajar pelo universo com vistas para descobrir um novo planeta e o habitar.

Cooper é acompanhado pela filha de Brand (Anne Hathaway), pelo físico Ramilly (David Gyasi), junto do geógrafo Doyle (Wes Bentley) e do simpático robô TARS. Na tentativa de salvar o mundo, a equipe decide tomar uma série de decisões difíceis baseadas em doze expedições da NASA para achar um novo planeta. Ao mesmo tempo em que Cooper se firma como herói, a chave para desvendar o mistério passa por sua filha, Murphy (Mackenzie Foy quando criança e Jessica Chastain adulta), que não desejava ver seu pai partir. Este é apenas o começo de uma missão que envolve viagem no tempo e buracos negros.

Agora vamos aos fatos: ao contrário do que eu vejo as pessoas comentarem nas ruas, sites e blogs, Interstellar não teve a mínima pretensão de trabalhar com cientistas para criar um cenário plausível. Talvez por conta de um punhado de termos que não estamos acostumados ouvir, o longa passe a impressão de algo plausível – o que está longe de ser verdade. Recentemente, a Scientific American publicou um artigo dizendo que a teoria apresentada no filme é ridícula, já que consegue a proeza de fazer a viagem no tempo parecer simples em uma cena – e extremamente complicada em outra. Dentre vários detalhes, recomendo a leitura deste artigo e desta reportagem (ambas em inglês) para explorar mais sobre as falhas do filme.

O desfecho do filme tem a cara de Christopher Nolan: uma tentativa de surpreender seu espectador aliado a um final positivo e feliz. Realmente desejava que o diretor utilizasse um pouco mais do talento apresentado em Memento para deixar o espectador pensando. Quando sai do cinema, pensei neste filme nas mãos de David Lynch. Tenho certeza que ele optaria por colocar uma pulga atrás da orelha do espectador – justamente o que senti falta aqui. Em nenhum momento a narrativa de Interstellar (escrita por Christopher e seu irmão, Jonathan) desafia seu espectador, e até detalhes que poderiam ficar para interpretação pessoal são explicados minuciosamente para não deixar nenhuma dúvida quanto a história.

Por outro lado, reconheço que a estratégia adotada pelo filme teve um impacto positivo. Não é à toa que esta produção aparece nos primeiros lugares do top 250 do IMDB – uma boa base para medir a popularidade dos novos longas com o grande público. Os adolescentes adoraram os efeitos especiais, os fãs de cinema gostaram do elenco superestrelado comandado por Nolan, e os mais idosos choraram na cena final. Ponto para a produção e para Nolan.

A atuação do elenco é sensacional. Fico cada dia mais feliz de ver Matthew McConaughey se consolidando como uma estrela de Hollywood. Seu sotaque carregado deu um ar engraçado ao astronauta fazendeiro. Anne Hathaway e Michael Caine mostram bastante segurança em seus papéis, enquanto a linda e talentosa Jessica Chastain se destaca na metade final do filme, que também conta com Matt Damon e Casey Affleck.

O grande Hans Zimmer nos presenteou com uma trilha sonora espetacular, que ficou ainda mais destacada com o trabalho da equipe de som, o que deve ser suficiente para garantir todos os prêmios técnicos desta área no Oscar. Apesar de ter sido filmado em 2D, a cópia IMAX apresenta uma riqueza de detalhes e uma sensação de imersão de cair o queixo. Senhoras e senhores, este foi o filme mais esperado do ano. Gravity de 2014.

Para quem ficou com alguma dúvida, clique aqui para ver o gráfico de explicação do filme feito por usuários do reddit.

NOTA: 8/10

IMDB