Roberto Gómez Bolaños nunca escondeu que era fã de futebol. Quando era pequeno, passei a torcer também para o América, do México, já que este era o time do comediante. Aliás, não é para menos que El chanfle dá um grande destaque ao time mais querido de seu país.
O filme produzido pela Televisa virou febre nacional por contar com o premiado elenco dos programas de Chespirito. Mas a história não tem nada em comum com o que vemos nas séries de televisão – a não ser pelos atores. Isto ocorre pelo fato de Bolaños deixar claro que separava televisão e cinema. Como produtor da Televisa, ele rejeitou o convite de Pelé para estrelar um filme com a turma do Chaves citando que os personagens da vila não foram pensados para a sétima arte, mas sim para histórias curtas.
Chanfle é roupeiro do América do México. Casado há dez anos com Tere (Florinda Meza), o médico Nájera (Édgar Vivar) passa a questionar o motivo dos dois não terem conseguido gerar um filho. Em meio a grandes estrelas do futebol como o galanteador Valentino (Carlos Villagrán) e o técnico bocudo Moncho Reyes (Ramón Valdés), o personagem de Chespirito vive uma vida muito simples, com muito pouco dinheiro para suprir as necessidades do casal. Roger Ebert dizia que os filmes sempre devem ser analisados em seu contexto. Se esta fosse uma produção americana, certamente deixaria muito a desejar. Mas por conta de toda produção do filme e de suas peculiaridades, El Chanfle se destaca ao expandir o roteiro e buscar explorar várias histórias secundárias. Mesmo que de forma desorganizada, Bolaños trata do dia-dia do futebol com casos como o de Diana (María Antonieta de las Nieves), uma mulher apaixonada por Valentino. O craque, por sua vez, se aventura com mulheres e chega a pedir o maior contrato da história do futebol mexicano, utilizando também métodos que Chanfle considerava desonestos, como cavar faltas e confundir o árbitro. Após os jogos, Chanfle cria várias confusões com Matute (Rubén Aguirre), presidente do clube – em cenas que lembram o espírito baderneiro de Chaves, que consegue gerar caos mesmo sem ‘querer querendo’. Além do espectador acompanhar o desejo do casal de ter um filho, o subplot apresenta o caso de uma venda de arma de fogo que acaba mal após Chanfle se envovler em problemas com Paco (Raúl “Chato” Padilla), que pensa que o personagem principal é um ladrão.
Se o roteiro definitivamente não é o ponto forte, o mesmo não se pode dizer das atuações. É notável a falta de investimento no longa, que apostou apenas na fama de seus protagonistas. Mas a dedicação do elenco se sobressai aos vários furos do filme. Uma grande experiência para os fãs de Chaves!
NOTA: 6/10
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