Terry Gilliam possui uma invejável base de fãs nos Estados Unidos. Apesar de ter errado nos seus últimos longas, seu prestígio ainda é muito alto. Por conta disso, seus projetos obtém financiamentos com muita facilidade (um dos poucos cineastas fora do eixo da Academia a conseguir tal feito). The Zero Theorem (O Teorema Zero, no Brasil) aproveita vários elementos do clássico Brazil para buscar entreter um espectador inteligente e sagaz. Bom, pelo menos na teoria. Na sua estreia no Festival de Veneza, Gilliam levou incontáveis críticas para casa. Apesar de apostar em uma fotografia bastante interessante, os pecados de um precário roteiro não convence e deixa o espectador com várias dúvidas na cabeça.
E se estas dúvidas fossem daquelas boas, até perdoaria. Mas são coisas básicas, de estrutura e construção mesmo. O longa retrofuturista até chega a chamar a atenção logo nas primeiras tomadas, quando uma cidade (provavelmente Londres, apesar do filme ser rodado na Romênia) é apresentada através de um caótico transito de mini carros. No melhor estilo steampunk, o grande Christoph Waltz interpreta Qohen Leth, um gênio neurótico que tenta resolver o Teorema Zero para a poderosa corporação ManCom, com o objetivo de descobrir se a vida tem ou não algum sentido. O ator bem que tenta convencer com seu consagrado estilo de atuação, mas as limitações de Leth, que, mais tarde, se perde em um romance absurdo, não dá espaço para brilho nenhum.
Recheado de piadas prontas (que não entregam nenhuma graça na maioria das vezes, por sinal), neste filme não existe nenhum tipo de progressão de personagens. Matt Damon e Tilda Swinton foram pouco explorados, e tudo relacionado a vida de Qohen é contado de uma maneira tão desapegada que a credibilidade é escanteada.
O desfecho do filme é aberto e frustrante. A ficção é mais um produto inacabado para a coleção de Terry Gilliam, que não conseguiu explorar a relação homem/computador de maneira convincente. Esperava coisa muito melhor.
NOTA: 4/10