Frankenstein foi um sucesso de bilheteria e provou para a Universal que o gênero de terror estava apenas dando os primeiros passos no cinema. Já no ano seguinte Carl Laemmle se reuniu com sua equipe criativa para escrever o quanto antes um roteiro e estabelecer uma franquia assim que possível (se bem que este termo me parece um pouco inapropriado para a época, já que o pensamento era levar a sequência da história e tentar fazer dinheiro com ela, e não fazer dinheiro a partir de uma sequência sem sentido, como acontece nos dias atuais).
Por três anos e meio a produção sofreu muito com drafts mal feitos e com a interferência do recém-criado Código Hays (Hays Code, a censura do governo americano). James Whale foi convocado para dirigir o longa e fez apenas duas exigências: manter todo o elenco original (a única exceção foi Mae Clarke, que foi substituída no papel de Elizabeth por Valerie Hobson devido a motivos de saúde) e que a noiva de Frankenstein fosse interpretada pela mesma atriz que abrisse o longa como Mary Shelley. A escritora (interpretada por Elsa Lanchester) garante que existe muito mais para contar além do que vimos no longa de 1931. É neste momento que somos transportados para as cenas finais em que o monstro de Frankenstein parece ter sucumbido aos escombros do moinho de vento em chamas. Ao contrário do que parecia, o monstro (Boris Karloff) sobreviveu e parece estar com mais sede de morte do que nunca. Em paralelo, acompanhamos a história de Septimus Pretorius (Ernest Thesiger), um doutor que quer montar uma parceria com Henry Frankenstein (Colin Clive) para criar uma mulher para o monstro.
Apesar do fato de apenas conhecermos o resultado da criação nos minutos finais – já que o roteiro foca no desenvolvimento da experiência de Septimus – o pace do longa é bastante agradável. Karloff, que já era uma das maiores estrela do cinema americano, chegou a implorar para Whale retirar as falas de seu personagem, que intercala uma morte que outra com doses de álcool e muitos charutos. Ele consegue tempo até mesmo para ouvir música clássica e ficar amigo de um senhor cego. Esta indecisão quanto a identidade do protagonista pesou muito e deixou uma série de questões em aberto.
Whale decidiu inserir um pouco de sua personalidade no longa ao deixar nas entrelinhas que Pretorius era gay, algo impensável de se mostrar no cinema deste período. Tanto o diretor quanto Colin Clive eram conhecidos homossexuais da noite de Hollywood, e alguns escritores chegaram a cogitar a possibilidade do diretor tentar abrir uma discussão ao uso de homossexuais no cinema a partir desta representação, o que me soa muito absurdo.
Apesar de mostrar um tipo de terror que está absolutamente datado, este filme ganhou com o status de clássico nas décadas posteriores a seu lançamento muito mais pela criatividade dos roteiristas e pela excelente maquiagem do que pela obra final propriamente dita.
NOTA: 6/10