Zemlya (Terra, no Brasil) foi dirigido por Aleksandr Dovzhenko no período em que o cinema soviético foi direcionado para a propaganda da coletivização forçada.
A história é bastante simples: membros de uma pequena propriedade ucraniana estão sofrendo para conseguir sobreviver contra um poderoso proprietário que monopoliza o comércio local. Quando um decreto do governo ordena a troca de cavalos e bois por um trator de ponta, os membros da pequena comunidade se dividem: enquanto alguns acham que esta modernidade pode os auxiliar para conseguir melhores condições de vida, outros acham que as maravilhas mecânicas vão substituir aos poucos o trabalho dos homens e acabar com a coletividade.
Eles entram em conflito com os ricos proprietários de terra, que não aceitam diminuir seu prestigio local de maneira nenhuma. Basil (Simon Svashenko), filho de um humilde camponês (Stephan Shkurat), luta para expandir a influência da propriedade coletiva até ser morto por Thomas Whitehorse (Peter Masokha), o que causa uma verdadeira revolta na região.
É neste momento que acontece um ritual de ruptura com o passado e um compromisso com um futuro socialista. Ao invés de Basil ser enterrado com rituais católicos, seu pai pede para que sua memória seja preservada como um símbolo da coletividade. Basil passou a ser um mártir. O grupo socialista formado, colocado nas telas como moralmente superior, condenava a vingança, o luxo e todo e qualquer tipo de superstição. Nem mesmo a confissão de Thomas serviu para
Por ser um filme do inicio da década de 1930, quando o intercambio cinematográfico com os Estados Unidos era praticamente inexistente, é possível analisar como os soviéticos da turma de Dovzhenko pensavam o cinema: eles repetiam as cenas o maior número de vezes possível para garantir que o espectador captasse totalmente a mensagem das telas. Mesmo com apenas 70 minutos, a insistência em dizer a mesma coisa de maneiras diferentes cansa bastante. (ainda mais tendo em conta que estamos assistindo a esta película totalmente fora de época).
O plot principal é bem simples e os personagens secundários quase não tem participação, muito diferente do que acontecia pelos cantos de Hollywood. No geral, Zemlya é um filme interessante para um historiador analisar a coletividade na região da Ucrânia pré-Holomodor e para o crítico de cinema estudar sobre o desenvolvimento do cinema soviético. Para um espectador casual talvez seja difícil compreender o significado político por trás desta produção, cheia de simbolismos para expressar que o socialismo era a via a seguir.
NOTA:6/10