Depois do estrondoso sucesso de Goldeneye, Pierce Brosnan retornou para mais um filme. Desta vez, Tomorrow Never Dies (007 – O Amanhã nunca Morre, no Brasil) contou com a direção de Roger Spottiswoode, já que Martin Campbell recusou uma proposta milionária dos produtores alegando não estar preparado psicologicamente para dirigir dois filmes do agente mais famoso do cinema em sequência (mais tarde ele retornaria para comandar Casino Royale).
Com um orçamento quase duas vezes maior que seu antecessor, a expectativa era fazer Tomorrow Never Dies lucrar bem mais do que Goldeneye. Mas o problema enfrentado pela EON foi basicamente o mesmo que fez Timothy Dalton romper seu contrato: as disputas pela construção do plot principal tomaram mais de seis meses da equipe. Só na última hora ficou decidido que a questão da reintegração de Hong Kong à China não seria explorada (mas ainda assim a China seria envolvida no roteiro).
James Bond é chamado para investigar um incidente em águas internacionais que pode ser o estopim da Terceira Guerra Mundial. Após uma fragata britânica ser afundada e seus sobreviventes serem assassinados, 007 descobre que o magnata Elliot Carver (Jonathan Pryce) está por trás de um plano para expandir sua influência no mercado chinês e considera que um conflito armado abrirá as portas do mercado asiático para sua nova rede de televisão. Bond conta com a ajuda de Paris Carver (Teri Hatcher), esposa do empresário, para interromper seu plano, mas quando a situação começa a sair do controle a agente chinesa Wai-Lin (Michele Yeoh) vira peça chave para desfazer uma catástrofe ainda maior.
Na minha visão, Brosnan interpretou o melhor James Bond no cinema. Ele não era o mulherengo proposto por Roger Moore, o homem focado de Dalton. Ele se assemelha muito com o estilo de Sean Connery, o que apenas lhe beneficiou, levando em conta que somente no final da década de 1990 a EON passou a investir pesado na série. Se a atuação do protagonista não deixa a desejar, o mesmo não se pode falar do roteiro. Entendo que este nunca foi o ponto forte de Albert Broccoli (o que mudou com a renovação a partir de Daniel Craig), mas algumas sequências deixam muito a desejar, já que parece que 007 é um super herói que não se machuca e tem plenos poderes. Isto fica claro na tomada filmada no Vietnã, onde um verdadeiro caos é armado e James sai de cena como se não tivesse nem participado dos tiroteios. Os gadgets de Bond, no entanto, sempre trazem surpresas ao espectador, e aqui não foi diferente. Ao dirigir seu carro com o auxílio de um aparelho celular, o filme consegue juntar ação, tensão e até mesmo comédia em uma única cena, muito bem construída, por sinal.
Apesar de algumas falhas, a eficiente produção entrega uma ótima dose de ação. O filme chegou perto de alcançar a bilheteria de Goldeneye, mas devido ao alto custo de produção os resultados dentro da United Artists não atingiram as metas propostas. Uma remodelação viria dois anos mais tarde, com The World is not Enough.
NOTA: 6/10