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Arizona Dream (Arizona Dream: Um Sonho Americano) – 1992

Quando Emir Kusturica despontou no cinema europeu, seus conterrâneos falavam frases do tipo “imagine o que ele poderia fazer se tivesse dinheiro”. As produtoras se impressionavam com a capacidade do homem de Sarajevo contar uma história bem trabalhada com recursos mínimos. Não demorou muito para a Warner Bros oferecer um caminhão de dinheiro e um orçamento flexível para ele colocar seu sonho de vida em um filme que, curiosamente, trata sobre sonhos.

Arizona Dream (Arizona Dream: Um Sonho Americano, no Brasil) sofreu críticas pesadas da mídia especializada. Parecia que a versão estadunidense de Emir não era tão boa quanto a que brilhou na Europa Oriental anos antes. Sabe quando você tem um projeto grandioso nas mãos e não sabe por onde começar? Foi justamente isto que ocorreu com este longa. Kusturica simplesmente não conseguiu moldar um roteiro aceitável para um filme de pouco mais de duas horas de exibição. Após fazer inúmeros cortes, ele chegou a uma versão de quatro horas, sem nenhum apelo comercial – e que apenas Johnny Depp teve acesso. Imagino que os problemas que o sérvio enfrentou na sala de edição tiraram seu sono por vários e vários dias.

Cada personagem tem um sonho. Cada sonho é entrelaçado na história. Axel Blackmar (Johnny Depp) é um homem que sonha em morar no Alasca. Leo (Jerry Lewis) quer dirigir seu carro até a lua. Elaine (Faye Dunaway) é uma mulher independente que sonha em voar. Já sua filha, Grace (Lili Taylor) quer se reencarnar em uma tartaruga. Axel se apaixona por Grace mas mantém um caso com sua mãe. O desenrolar da história, por vezes sem nexo, mostra como cada pessoa luta para conseguir seus objetivos, misturando o real e o irreal.

O ponto positivo do sonho de Kusturica é que o espectador nunca sabe o que vai acontecer a seguir. O tom bizarro e surreal deste filme, que hora puxa para o drama e hora puxa para a comédia, satisfaz e garante certa intimidade do público com a história. A música, elemento chave para interpretar Emir, não é utilizada de forma adequada, na minha visão. Ela aparece meramente como elemento simbólico e fica em segundo plano perante as fortes emoções apresentadas na tela.

Arizona acaba da mesma forma que começa: sem sentido. Longe de ser um péssimo filme, destoa bastante da carreira do sérvio. A experiência no geral não foi boa, e ele retornou para sua terra natal, onde recuperou as forças e trabalhou no roteiro daquele que seria considerado sua obra prima: Underground.

NOTA: 6/10

IMDB

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