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Lektionen in Finsternis (Lições da Escuridão) – 1992

Geralmente temos a concepção de que um documentário deve abordar determinado assunto de maneira clara, direta e precisa. Em 1992, Werner Herzog apresentou  Lektionen in Finsternis (Lições da Escuridão, no Brasil) no festival de Berlim e deixou os críticos de queixo caído. Entre as vaias, ficava a certeza de que a proposta deste grande cineasta foi interpretada da maneira errada.  Herzog dirigiu o filme e escreveu o roteiro. Vale mencionar também que é dele a única voz que você vai ouvir nesta película.

Você conhece a fundo a história da Guerra do Golfo? Já ouviu falar dos incêndios nos campos petrolíferos do Kuwait? Em caso de resposta negativa, saiba que você vai ter que procurar o contexto desta história antes de mergulhar neste documentário. Após as tropas iraquianas se retirarem do Kuwait, mais 600 campos de petróleo foram incendiados, fazendo jus a tática da “terra queimada”. Os fogos iniciaram em janeiro de 1991 e só foram controlados mais de onze meses depois. Herzog usa e abusa de tomadas aéreas para mostrar cidades destruídas, o impacto dos incêndios e as consequências da guerra nos relatos de uma mãe que tenta explicar a tortura de seu filho através de gestos ou de uma criança chocada com o terror das tropas de Hussein.

O diretor não dá qualquer tipo de contextualização, tampouco se interessa em tratar sobre as disputas políticas e econômicas da região. Por um lado eu compreendo Herzog: os crimes cometidos pelas tropas de Saddam Hussein e Ali Hassan al-Majid tomavam os noticiários internacionais. Aliás, foi neste período que Singer e  Sagan debateram sobre os efeitos que as nuvens de poluição poderiam afetar nosso planeta: enquanto o primeiro dizia que a fumaça negra seria absorvida pela atmosfera normalmente, Sagan insistia em comparar o evento a uma espécie de “inverno nuclear”, além de proclamar que 1992 seria “o ano sem verão”, o que sabemos que não aconteceu. O grande problema é que o tempo não fez bem a esta obra, já que quem tenta assistir este filme quase duas décadas após o conflito não entende nada sobre o que as imagens jogadas na tela simbolizam.

O documentário visa mostrar uma imagem da problemática região de uma forma bastante inovadora. As várias cenas em slow-motion acompanhadas por trilhas de compositores clássicos como Giuseppe Verdi e Richard Wagner dão um ar de Apocalypse Now (1979) a algumas cenas.

NOTA: 6/10

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