Intouchables (Intocáveis, no Brasil) quebrou quase todos os recordes de arrecadação da história do cinema francês. O filme de quase 10 milhões de euros trouxe uma rentabilidade de assustadores 600%. Indicado pelo Le Centre national du cinema como o concorrente francês ao Oscar 2012, o longa chegou a figurar na lista de pré-selecionados mas não recebeu a nomeação.
O filme mostra uma improvável amizade entre Driss (Omar Sy), um simpático jovem que convive com sérios problemas pessoais com Philippe (François Cluzet), aristocrata milionário que ficou tetraplégico após um grave acidente. Driss chega para uma entrevista de emprego na casa de Philippe sem a mínima pretensão de trabalhar: na verdade ele só buscava uma assinatura para continuar ganhando o auxilio desemprego do governo francês. Mas aos poucos seu jeito despojado e sua alegria contagiam o magnata.
Aliás, Omar Sy torna a experiência geral de Intouchables extremamente agradável. Ele é o grande destaque deste filme e o sucesso geral desta produção passa diretamente pela sua impecável atuação. Driss é apresentado como extensão natural de Philippe, pois, de realizar as tarefas básicas de cuidador, o aristocrata via na imagem do jovem uma possibilidade real de aproveitar ao máximo a vida, mesmo com todas as limitações de seu corpo. Isto pode ser comprovado desde as longas caminhadas para respirar ar fresco na madrugada ou correndo nas ruas desertas de Paris na boa cena que abre o filme.
A história é contada com muito bom humor, e a decisão de focar o filme apenas no gênero comédia afastou qualquer possibilidade de aproximar esta produção com uma história mais profunda sobre as dificuldades diárias de Philippe. Não que isto o torne ruim, mas uma abordagem um pouco mais próxima de Le scaphandre et le papillon tornaria o longa ainda melhor. Durante a exibição me lembrei bastante da experiência de quando assisti The Bucket List: é um filme muito legal de assistir, mas bastante vazio. Muito se dá por conta das várias situações das diferenças entre um pobre jovem da periferia com um sábio homem rico. Longe de ser uma comédia pastelão, mas longe também de ser proclamado como um dos melhores filmes de todos os tempos, como proclamam alguns usuários nas boards do IMDB.
Baseado em fatos reais, o longa conquistou o topo nas bilheterias de boa parte do mundo e ainda está na lista dos mais alugados e vendidos na Europa. Alguém tem alguma dúvida que os americanos vão fazer um remake em breve?
NOTA: 7/10