Cinema, Aspirinas e Urubus foi a indicação oficial do Brasil para a categoria de melhor filme estrangeiro na 79ª entrega de prêmios da categoria. Apesar de não conseguir a nomeação, esta longa recebeu inúmeros prêmios ao redor de festivais do mundo inteiro e foi uma das grandes produções brasileiras da última década.
A história acontece no ano de 1942 no sertão do nordeste. Johann (Peter Ketnath) foge da tormenta da guerra para virar vendedor de aspirinas para a alemã Bayer. Em meio a um verdadeiro road trip, descobrimos um pouco do cotidiano das cidades visitadas pelo nosso protagonista com sotaque carregado e a reação das pessoas ao descobrir o “remédio dos Deuses”. Ele encontra pelo caminho Ranulpho (João Miguel), um simples homem que quer chegar ao Rio de Janeiro e conseguir um emprego e passa a ajudar o alemão em seu negócio. Entre uma parada e outra, os filmes promocionais da empresa são mostrados graças a um projetor portátil, o que causa espanto e muda o dia-dia das comunidades afetadas.Após o Brasil decretar guerra a Alemanha, Johann vive o drama de buscar uma alternativa para continuar vendendo suas aspirinas e não ficar detido nos campos de concentração destinados aos alemães ou ter de retornar ao seu país natal, já que ele era totalmente contra a qualquer tipo de serviço ao exército.
A maneira como a amizade entre Johann e Ranulpho se desenvolve é extremamente agradável e satisfatória. O sentimento deles, na maior parte das vezes enroscado em torno do caminhão da companhia Bayer, toma um novo rumo após o alemão decidir tocar uma nova vida e dar a oportunidade para o nordestino construir sua própria caminhada. A produçã
O filme enfrentou dificuldades de aceitação no exterior, acredito que principalmente pela dificuldade de interpretar o longa. Mesmo sabendo de Johann é um alemão que fala um português carregado, traduzir e legendar o filme se tornou uma tarefa muito, mas muito difícil. Nos Estados Unidos eles preferem colocar um ator alemão que carrega mais o sotaque em uma determinada letra ou expressão, para facilitar a compreensão. Aqui, no entanto, Ketnath foi ele mesmo, atuou com maestria e deu uma credibilidade total ao seu carismático personagem. Pude observar as legendas em inglês e fiquei muito chateado ao observar que a tradução não manteve a grandeza do que era apresentado para nós na grande tela.
Um excelente filme de Marcelo Gomes.
NOTA: 8/10