Quando pensei na homenagem a Marlon Brando, na postagem do dia 3 de abril, tinha o plano de fazer o review de The Chase. Mas após assistir o filme, decidi jogar este o post para outro dia, tamanha minha decepção.
No papel, este filme tinha tudo para despontar como um dos melhores de 1966. Jane Fonda ainda era uma promessa; Robert Redford estava dando seus primeiros passos como ator; Arthur Penn buscava consolidar sua imagem de diretor. No meio disto, a figura de Marlon Brando, parecia ser essencial: com pouco mais de 40 anos, ele buscava uma reestruturação na sua imagem. O grande problema era seu salário milionário, que espantava qualquer equipe de produção. A Horizon Pictures, mesmo estúdio de The Bridge on the River Kwai (1957) e Lawrence of Arabia (1962) bancou o cachê de Brando apostando em um retorno estrondoso nas bilheterias. O roteiro foi escrito por Horton Foote, vencedor do Oscar de 1963 por To Kill a Mockingbird.
Charlie ‘Bubber’ Reeves (Robert Redford) escapa da prisão com um amigo poucos meses antes de obter sua liberdade. No caminho da fuga, seu parceiro mata um motorista que havia parado no acostamento para prestar socorro e o abandona. Quando a cidade recebe a notícia da fuga, o xerife Calder (Brando) luta para manter a integridade física do suspeito. O problema é que Val Rogers (E.G. Marshall), milionário da área do petróleo, não quer que Reeves volte para a cidade, pois seu filho mantém um relacionamento com a ex-mulher do fugitivo (Jane Fonda).
Curiosamente The Chase (A caçada humana, no Brasil) é um título que não representa a essência do filme. Se você procura por algum longa que trate sobre fuga da prisão ou sobre uma verdadeira caçada, saiba que este não é a produção mais indicada. Não sei por qual motivo os produtores insistiram em usar e abusar de Brando e deixar todo o elenco como personagens secundários, apenas para completar a história. Nem mesmo Redford teve chances de se abrir muito. Ele aparece apenas em poucas cenas, e seu personagem fala apenas uma dúzia de frases.
O filme trata de assuntos polêmicos: a Revolução Sexual, exposta nos casos extra-conjugais de alguns dos personagens é abertamente abordada. O racismo, ainda presente no cotidiano americano na metade final da década de 1960, também é um dos temas. Mesmo com a excelente atuação de Brando, o filme é demasiado longo. Várias cenas poderiam ter sido cortadas e a perseguição final (apenas vista nos quinze minutos finais) deveria ter mais tempo nas telas. O filme fracassou nas bilheterias e aumentou o custo benefício de ter Marlon Brando em uma produção de Hollywood (que só seria esquecido após The Godfather). Ah, e eu não poderia deixar de mencionar que esta produção contou com a primeira colaboração de John Barry em um longa americano. Sua trilha sonora é impecável!
NOTA: 6/10