L’âge d’or (A Idade do Ouro, no Brasil) causou polêmica desde sua primeira exibição, em Paris. A liga dos Patriotas, organização de direita popular na França da década de 1930, organizou manifestações e agrediu as pessoas que saiam das salas onde o filme de Buñuel era rodado. Eles também destruíram trabalhos de Joan Miró e Yves Tanguy, que se declararam admiradores da visão de cinema proposta pelo diretor espanhol. Para conter o caos, o prefeito Jean Chiappe proibiu a divulgação do filme em Paris e o governo francês censurou qualquer tentativa de rodar o filme no país. Adicione a isso o fato da Igreja Católica ameaçar excomungar Buñuel por blasfêmia e teremos um começo de conversa.
Mas por qual motivo este filme foi tão polêmico? Ora, na década de produção deste longa nenhum produtor se mostrava disposto a atacar instituições consagradas como a Igreja Católica ou cutucar a elite da forma como foi apresentado neste drama com boas doses de comédia.
O filme é construído sobre sexo e violência. Dividido em cinco vignettes, (que representam as cinco partes da cauda do escorpião, objeto de análise dos minutos iniciais de L’âge d’or) a história mostra a tensão vivida por um casal que é separado pela burguesia minutos antes de começar a fazer amor. Por uma hora os dois tentam se reencontrar e consumir o ato, mas são impedidos por uma série de situações que envolvem especialmente a Igreja e a elite. O clímax final despeja sobre a cena em que a personagem principal chupa o dedo de uma estátua grega, onde ela libera sua energia ao ver que seus planos nunca vão adiante.
Com a alma escandalosa, L’âge d’or foi também a última vez em que Salvador Dalí e Luis Buñuel colaboraram em um longa. Algumas tomadas mostram a essência do movimento sureralista, conforme adiantado em Un chien andalou: uma vaca dorme em cima de uma cama; um homem cego é espancado na rua; as placas publicitárias ganham forma e vida; um grupo de bispos vira esqueleto; e Jesus torna-se figura central em uma orgia.
Um clássico!
NOTA: 7/10
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