Sempre defendi Giuseppe Tornatore. Sei que não são poucas as pessoas que consideram que o sucesso subiu a cabeça do italiano após Nuovo Cinema Paradiso (1988). Fui assistir La migliore offerta, seu último longa, com um largo sorriso no rosto e a esperança de assistir a um ótimo filme. Pra falar bem a verdade eu até já sabia que os críticos americanos haviam detonado a produção. Mesmo assim preferi não ler nenhum review e dar play sem nenhuma influência externa na cabeça.
Descobri nos primeiros minutos que o diretor tentou mostrar a queda de um grande leiloeiro europeu através de um conto de fadas. Por mais estranho que a sentença anterior pareça, você vai concordar comigo após ver a última cena do filme financiado pela Warner Bros. Virgil Oldman (Geoffrey Rush) é um homem solitário e cheio de manias. Após receber uma chamada para avaliar a mansão de Claire Ibbetson (Sylvia Hoeks), ele se apaixona pela estranha mulher de 27 anos que se isola do mundo e não se mostra disposta ao contato com terceiros. Na primeira visita de Oldman a casa, o leiloeiro encontra peças raras para a montagem de um automaton do século XVIII. Ele as entrega para Robert (Jim Sturgess), que se mostra muito amigável e disposto a fazer o possível para ajudar o protagonista na montagem da máquina e vira também uma espécie de conselheiro amoroso, tentando aproximar Oldman de Claire. Só que o leiloeiro não sabe da existência de um complô que visa o roubo de sua coleção de arte avaliada em centenas de milhares de dólares.
Ponto positivo para a impecável trilha sonora, feita por um gênio que atende pelo nome de Ennio Morricone. Mas sempre digo que quando um score parece ser muito melhor que a película algo está muito errado. E foi este o caso: o drama, o suspense e a enganação foram guiados muito mais pela ótima trilha do que pela atuação do elenco. A atriz protagonista não mostrava confiança e sua maquiagem foi uma das piores coisas que nos últimos anos. Geoffrey Rush não foi além do que era pedido: ao invés de se entregar ao personagem e ter apostado na sua personalidade conturbada para criar uma identidade única, ele apostou no feijão com arroz de um homem frio e aristocrático. Algumas tomadas me lembraram vagamente o estilo de Mr. Brooks (2007).
O conto de fadas citado anteriormente é articulado de forma desajeitada. O espectador desatento vai colocar a mão na cabeça e pensar: “oh, mas como eu não imaginei isto antes” (ao mesmo estilo do péssimo Now You See Me). O suspense e as mentiras (coração do plot) não convencem. O final do filme mostra que Tornatore teve uma ideia espetacular em sua cabeça ao mesmo tempo que suas mãos estavam com um roteiro muito mal elaborado.
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NOTA: 5/10