Este é o primeiro review em língua portuguesa do filme Joe, estrelado por Nicolas Cage.
Discordo completamente das opções que a estrela que protagoniza este filme tomou na década passada: ele claramente pegou papéis em longas fraquíssimos com vista apenas no seu bolso (Drive Angry, Stolen e Trespass não me deixam mentir), fato que gerou ira e desprezo de alguns de seus fãs. Joe não só renova sua carreira, como também leva definitivamente David Gordon Green de volta a lista dos grandes realizadores de Hollywood, após o fracasso de Your Highness.
A história foi baseada no livro homônimo de Larry Brown. O ex-presidiário Joe (Cage) comanda um pequeno negócio de corte de árvores, e fica surpreso ao ver o menino Gary (Tye Sheridan) pedindo emprego. Joe começa a gostar do garoto e descobre a turbulenta relação do jovem com sua família: enquanto seu pai é um alcoólatra que rouba os trocados de seu filho para sustentar seu vício, sua mãe e sua irmã sofrem problemas psicológicos. Ao mesmo tempo em que Joe ajuda Gary a realizar o sonho de ter um carro próprio e trazer uma vida mais confortável para seus entes queridos, seu passado aos poucos vem à tona através de uma longa rivalidade com Willie (Ronnie Gene Blevins).
O grande feito de Gordon Green foi criar um ambiente sombrio com poucos recursos. Explorando ao máximo um score que aposta na tensão e apreensão, é bem interessante observar o progresso psicológico dos personagens. A memorável atuação de Cage mostra o quão bom ele é; o problema é apenas escolher o papel certo. Joe tem um coração enorme, não é aquele anti-herói que não está nem aí para o mundo. Seu temperamento explosivo, especialmente com os policiais, é o seu ponto fraco. Em determinadas cenas ele não sabe se coloca tudo em risco ou se controla para poder acompanhar Gary em sua jornada.
O casting foi muito bem feito. O pai de Gary, por exemplo, era um alcoólatra que estava em processo de recuperação na vida real. Infelizmente ele foi encontrado morto dias após o encerramento das filmagens. O que chamo atenção, no entanto, foi a preocupação dos produtores em retratar com fidelidade o contexto socioeconômico da pobre região apresentada neste filme.
As cenas finais, apesar de previsíveis, são bastante satisfatórias. Mostram o conflito interno de Joe em um mundo estranho.
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NOTA: 7/10