Great expectations, originalmente publicado por Dickens em 1861, está na minha lista dos cinco livros que mais marcaram minha vida. Dias atrás conversava com um colega sobre o filme de 1998, dirigido por Alfonso Cuarón: enquanto eu defendia o diretor e sua equipe de produção, meu amigo dizia que a obra do escritor britânico foi “assassinada com requintes de crueldade”. Enfim, o filme sofreu um punhado de críticas por seguir uma perspectiva diferente do livro e por inverter algumas cenas para causar uma surpresa ao espectador no fim.
Pois bem, a versão de 1946 é considerada até hoje como melhor reprodução da obra de Dickens na grande tela. A longa teve direção de David Lean, um dos maiores nomes do cinema britânico, que também foi o responsável pela adaptação do roteiro.
Great Expectations trata sobre a vida de um jovem chamado Pip (John Mills como adulto e Anthony Wager como criança). Quando ele vai ao cemitério colocar flores no túmulo de seus pais, encontra o criminoso Magwitch (Finlay Currie), que exige sua ajuda para remover as correntes e escapar dos policias. Pip faz o que o homem pede, deixando Magwitch comovido e surpreso. Apesar de ser recapturado horas depois, aquele ato jamais deixou a cabeça daquele senhor. Mais tarde Pip é convidado para visitar a mansão abandonada de Miss Havisham (Martita Hunt), uma senhora que vive na escuridão depois de ser abandonada pelo seu noivo no altar. Havisham se orgulha de ter criado sua filha adotiva Estella (Valerie Hobson como adulta e Jean Simmons como criança), especialmente pelo fato da jovem conseguir a atenção de todos os homens de sua cidade e não amar ninguém. Pip fica na mansão por um tempo para brincar com Estella, que insistia em humilhar o garoto. Ainda assim, o jovem menino acaba se apaixonando pela moça. Anos mais tarde, Jaggers (Francis L. Sullivan) traz Pip para Londres e explica que um benfeitor concordou em custear sua vida, o levando para a high society britânica.E mesmo com uma grande fortuna em suas mãos, o jovem não consegue esquecer Estella.
O que segue é uma história com várias surpresas. Para quem não leu o livro, o filme trata de ser o mais fiel possível em boa parte das cenas. O único ponto negativo foi a escolha de John Mills para interpretar o personagem principal. O ator de 38 anos não convence ao tentar se passar por um jovem na faixa dos 20. Tanto os cenários quanto as roupas foram muito bem feitas. A transição das câmeras é segura. Claro que em duas horas não é possível dar todos os detalhes que um livro destes merece (até mesmo a série de TV da BBC deixou escapar alguns diálogos interessantes). Como fã do livro, considero a adaptação muito bem feita, de tirar o chapéu!
O filme também marca o começo da parceria do diretor com Alec Guinness (que interpreta Herbert Pocket). Ele seria premiado com o Oscar de melhor ator graças a sua atuação em The Bridge on the River Kwai (1957) e brilharia em Lawrence of Arabia (1962).
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NOTA: 8/10
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