Tape (Amargo Reencontro, no Brasil) é um filme que deixa muito a desejar. No entanto, não posso dizer que este fracasso passa diretamente pela figura de seu diretor. Richard Linklater tem produções sensacionais em sua filmografia.Enquanto Dazed and Confused é um dos melhores filmes coming of age já produzidos pelo cinema americano, Before Sunrise (1995) abriu as portas de Hollywood para Ethan Hawke e Julie Deply, tornando-se um dos grandes romances do cinema recente. Linklater teria capacidade para fazer algo muito melhor, mas acredito que seu grande erro foi ter apostado em um roteiro fraco e cansativo. A história não vai a lugar nenhum e os momentos que deveriam ser críticos para a continuação da trama são tratados de forma muito superficial.
Tape teve seu script adaptado de uma peça de teatro escrita por Stephen Belber. O drama mostra uma discussão entre Vince (Ethan Hawke) e Jon (Robert Sean Leonard). O personagem interpretado por Hawke acusa seu amigo de ter estuprado sua antiga namorada Amy (Uma Thurman) quando os três ainda frequentavam o ensino médio. A moça, por sua vez, entra em cena na metade final do longa e tenta apaziguar a situação a todo custo. Mas após Jon assumir seu erro, a situação toma um rumo inesperado.
Não tenho dúvidas que tanto a abordagem quanto o pace de Tape foram influenciados diretamente pelo sucesso do já citado Before Sunrise. O grande problema é que enquanto a fórmula do filme de romance é bastante atrativa para o público que gosta deste gênero, esta película se perde em um mix de drama e crime. Filmado em real time, o local para discussão (um quarto de motel) não é nem um pouco atraente, e por muitas vezes os mesmos argumentos são repetidos várias vezes para dar um ar misterioso. Será que Vince seria capaz de matar Jon? Esta possibilidade, que poderia ser muito bem explorada por conta do passado negro de Vince, nem chega a ser cogitada. Tudo é resolvido na conversa.
A tentativa de levar uma experiência de teatro para as telas do cinema ficou devendo bastante.
NOTA: 5/10