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Crítica de Vítimas da Tormenta (1946)

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Sciuscià (Vítimas da Tormenta) – 1946

Sciuscià (Vítimas da Tormenta, no Brasil) é um filme muito importante para a história do cinema. Além de ser o primeiro vencedor do Oscar de melhor filme de língua estrangeira, também foi o primeiro longa de grande produção dirigido por Vittorio De Sica. Um dos primeiros casos do neorrealismo na grande tela, Sciuscià expõe o drama da juventude italiana no período da metade final da Segunda Guerra Mundial através da história de dois amigos, Giuseppe Filippucci (Rinaldo Smordoni) e Pasquale Maggi (Franco Interlenghi), que sonham em ter um cavalo branco para passear. Como o trabalho de engraxate apenas supre suas necessidades diárias, eles se envolvem em um esquema proposto por Attilio, irmão de Pasquale e conseguem arrecadar fundos para comprar o tão sonhado animal. Só que tudo dá errado para os amigos e a polícia prende os dois. Na verdade, Attilio havia roubado 700 mil liras da casa de uma vidente e os meninos foram considerados como culpados pelo crime. Os dois vão para um reformatório e criam novas amizades, ao mesmo tempo em que a união de Guiseppe e Pasquale sofre um grande golpe.

Enquanto as cenas inicias do longa destacam a miséria e a altíssima inflação da moeda italiana, o roubo é visto pelos meninos pobres de Roma como única forma de levar uma vida decente na rua. Em determinada cena, um jovem preso diz que todos os jovens que estão lá devem se considerar como homens de sorte, pois o local oferece sessões de cinema, abrigo, roupas e comida. Na capital ocupada pelos nazistas, a ordem era um valor essencial para a sociedade. Esta imposição alemã foi levada ao internato, onde os diretores disciplinam crianças inocentes da mesma forma que fariam com adultos, utilizando, por exemplo, celas solitárias sem nenhum tipo de higiene e violentos castigos.

Sciuscià preparou o campo para as tendências que Vittorio De Sica utilizaria nos anos seguintes, em longas como Ladri di biciclette (1948) e Umberto D. (1952), onde aborda especialmente os problemas sociais da Itália. Fazendo uma comparação com estes dois grandes filmes citados anteriormente, Sciuscià apela mais para o melodrama e não consegue prender tanto a atenção do espectador. Ainda assim, a dor e o sofrimento diário das crianças naquele internato italiano consegue expor sentimentos de repulsa e revolta.

NOTA: 7/10

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