Sempre que você ver T-Bone Burnett associado a algum longa-metragem, tenha uma certeza: você certamente irá ouvir música boa. Aprendi esta lição após o ótimo Crazy Heart (2009). Mas só uma trilha sonora de qualidade não garante sucesso de nenhum filme. Inside Llewyn Davis (Inside Llewyn Davis – Balada de Um Homem Comum, no Brasil) é mais um da série de filmes esnobados pela academia neste ano (foi indicado apenas para dois prêmios sonoros).
Os irmãos Coen recriam a cena folk americana da década de 1960 para tratar sobre a história de Llewyn Davis (Oscar Issac), um músico que não consegue progredir na carreira (usaria a expressão em inglês a guy just can’t cut it). Cheio de problemas pessoais, que vão desde uma amante grávida até o desaparecimento de um gato (que se torna um subplot do filme), a difícil jornada do músico é contada nas várias viagens e pessoas apresentadas ao espectador.
O grande problema do longa é o roteiro. Não existe nenhum tipo de progresso do personagem principal. Okay, sabemos que ele está quebrado, mas parece que os irmãos insistiram em salientar muito esta questão em detrimento a outras. Este looping (que fica evidente na cena final) acaba comprometendo boas possibilidades de histórias paralelas, como o suicídio do parceiro de Llewyn ou a relação do músico com sua família. O filme acaba e vemos o mesmo personagem cabisbaixo da primeira cena.Reconheço que Oscar Isaac desempenhou muito bem o papel principal. Direciono minhas críticas apenas aos Coen. Senti muito pela pouca utilização do ótimo elenco de apoio (com nomes como Carey Mulligan e John Goodman).
Um filme com potencial extraordinário que chama a atenção pelo fantástico e lindo score. Mas não se deixe iludir. Inside Llewyn Davis não chega nem perto da grandeza de outros filmes dos Cohen.
NOTA: 6/10