“Pós-graduados lavando pratos, linguistas em uma terra sem línguas.” O que leva um profissional à Antártica? A primeira resposta que passa nas nossas cabeças é, sem dúvida, dinheiro. Fora pesquisadores que basearam suas carreiras pesquisando este continente, quem mais iria para lá? Por qual motivo uma pessoa deixaria família, amigos e a comodidade da cidade para ver gelo – e/ou sol – o dia inteiro?
Estes questionamentos levaram Werner Herzog a produzir Encounters at the End of the World (Encontros no Fim do Mundo, no Brasil). Durante os rápidos encontros de Herzog com as pessoas que trabalham na Estação McMurdo, descobrimos os mais variados motivos para elas estarem lá. O contato com o desconhecido, a busca pela preservação de espécies, a tranquilidade. Mesmo com as temperaturas congelantes e o difícil treinamento para sobrevivência, os trabalhadores conseguem tempo para diversão e socialização. Este lado desconhecido e inexplorado do continente gelado torna o documentário muito agradável.
O longa, no entanto, não tem um recorte bem definido. Herzog aborda o perfil de quem trabalha neste continente, mostra imagens sensacionais da vida abaixo das geleiras e trata questões como a loucura ou a sexualidade dos pinguins. O ponto positivo do filme é que não é necessário ser um biólogo ou conhecer a fundo os temas expostos para compreender as conversas. O diretor faz questão de facilitar os termos científicos e a refinada linguagem acadêmica de alguns entrevistados
Aos poucos passo a entender o lado investigador Werner Herzog. Desde que assisti Grizzly Man, fiquei encantado com a forma com que o alemão trata seu objeto de análise. Apesar de ter começado a assistir sua filmografia ao inverso, cronologicamente falando, pretendo me aproximar mais de seus trabalhos com Klaus Kinski. Para 2015, o diretor retorna as telas com Queen of the Desert, filme sobre a vida de Gertrude Bell (que será interpretada por Nicole Kidman).
Até lá, quero ver se consigo entender o curioso título Mein liebster Feind (1999).