Vencedor do prêmio Un Certain Regard do júri especial de Cannes, La tortue rouge (A Tartaruga Vermelha, no Brasil) é uma excelente animação. Não apenas quebra com uma tendência estadunidense como também ressalta a qualidade de um trabalho minucioso em torno de uma micro-história. Com direção de Michael Dudok de Wit, La tortue rouge define uma linha de divisão para as animações convencionais logo nos primeiros minutos, quando fica claro que não haverá o uso do diálogo. de Wit apostou em uma estruturação voltada na análise de sentimentos como dor, angústia e raiva em suaves passagens poéticas.
A animação conta sobre um homem que fica preso em uma ilha deserta. Além da necessidade de desenvolver seus instintos básicos (como a caça), ele também deve ser rápido o suficiente para planejar uma saída antes que as alucinações comecem a tomar conta de sua cabeça. É após o encontro com uma tartaruga vermelha gigante que sua percepção de mundo muda completamente – e as respostas para suas dúvidas ganham soluções inesperadas.
É fantástico notar o quão subjetiva essa experiência se torna com o desenrolar do filme. A falta de falas promove um convite ao espectador para solucionar ou abraçar elementos mágicos misturados no roteiro. A interpretação das parábolas, portanto, é a chave nesta produção. A bonita ambientação usa uma paleta de cores forte – que demonstra confiança e cria cenas memoráveis que tornam os oitenta minutos de duração ainda mais agradáveis. Com a assinatura do Studio Ghibli (em sua primeira produção fora do solo japonês) e distribuição da Sony, La tortue rouge espera chegar em condições de igualdade perante as demais animações produzidas em 2016 na temporada de premiações. Uma linda e forte reflexão sobre o ciclo da vida a partir de um relacionamento simbólico do homem com a natureza na descoberta de si.
NOTA: 7/10
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