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1945 – 2017

Levar a micro-história aos cinemas é cada vez mais comum em parte do circuito europeu. Grandes eventos servem de pano de fundo para acontecimentos que mudam o cotidiano de pequenos vilarejos – e isso se torna objeto principal para a narrativa. 1945, último filme do bom diretor Ferenc Török, faz bom uso da micro-história para sustentar seu roteiro, trazendo importantes questões para discussão.

Sempre quando surge a oportunidade, como é o caso aqui, lembro da retomada do cinema húngaro, que hoje é novamente um dos mais prestigiados na Europa. Após duas décadas (anos 70 e 80) de estrondoso sucesso, o desenvolvimento do cinema húngaro sofreu uma brusca interrupção com a falta de investimentos na década de 1990 e a tendência a hollywoodizar suas produções – fato que também ocorreu em países vizinhos como Romênia e República Tcheca. Nesta retomada, a Hungria coleciona sucessos desde o começo da vigente década, com uma lembrança na pré-lista do Oscar (The Notebook), uma nomeação (On Body and Soul) e uma vitória (Son of Saul), fora incontáveis prêmios em festivais de relevância mundial.

Como dimensionar um filme que usa a micro-história? Essa questão é frequente nos meios acadêmicos já que não existe uma metodologia clara – ou sequer um padrão. Penso que a forma como determinado assunto é abordada nos auxilia, e muito. Neste caso, somos transportados ao ano de 1945. Pelo rádio escutamos sobre as bombas atômicas no Japão.  A Segunda Guerra Mundial chega aos seus dias finais. Na Hungria, o clima de paz controlada já existe. No entanto, um pequeno vilarejo é afetado como se uma outra bomba atômica, desta vez psicológica, tivesse entrado em cena. Tudo pelo fato de dois judeus voltarem misteriosamente para a cidade.

Török, através deu um preto e branco charmoso, consegue criar uma ampla contextualização sobre os problemas morais e éticos do vilarejo. Enquanto os judeus eram deportados, praticamente todos os habitantes se aproveitaram para tomar bens materiais e se mudaram para luxuosas casas que pertenciam a eles. A ameaça dos dois judeus, portanto, também era uma ameaça ao padrão de vida obtido pelas família. E junto deste padrão, segredos e pesadelos que voltam a atormentar o cotidiano de uma cidade isolada.

A cumplicidade, portanto, é o tema central do filme. E 1945 torna-se um grande longa, com o entendimento desta proposta. O Holocausto e a Segunda Guerra Mundial são evocados pelas memórias coletivas que acabam atormentando aos moradores. Tudo isso, repito, pela aparição de apenas dois judeus na cidade.

NOTA: 7/10

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