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Denial (Negação) – 2016

Mick Jackson é um diretor experiente o suficiente para saber que não basta uma boa história para fazer um bom filme. Em Denial (Negação, no Brasil), uma sucessão de pecados acabam tornando a narrativa pesada, que deixa este drama de corte completamente sem vida.

Deborah Lipstadt é uma das mais respeitadas acadêmicas sobre o Holocausto. O filme teve como base seu livro “History on Trial: My Day in Court With a Holocaust Denier”, publicado em 2015, sobre sua luta pela verdade contra o escritor britânico David Irving, que lhe processou após um de seus livros acusar Irving de ser um negacionista do holocausto.

No filme Lipstadt é interpretada por Rachel Weisz, presa em um papel irrelevante. Jackson optou por concentrar todos os esforços no julgamento em que a acadêmica deveria provar que Irving manipulava dados e fatos históricos para remover a responsabilidade de Hitler no Holocausto e quem ganhou relevância foi Tom Wilkinson, que interpreta Richard Rampton, responsável da defesa perante o juiz. As poucas cenas notórias do filme envolvem Rampton contra Irving (Timothy Spall), e Lipstadt apenas aparece reagindo a elas.

O grande problema de Denial está na péssima estruturação geral da história. De fato é difícil adaptar um julgamento extremamente técnico que durou mais de meses em um longa com menos de duas horas de duração. Mas o fato é que a contextualização de Lipstadt e de Irving é péssima. Apesar da introdução do filme oferecer certa ajuda para tentar entender um pouco mais das diferentes personalidades, o espectador que não conhece a história real provavelmente não terá noção do profissionalismo ímpar da acadêmica e dos abusos frequentemente cometidos por Irving. Fora isso, o filme tem um bocado de cenas completamente descartáveis – colocando excessiva atenção no advogado de Lipstadt, Anthony Julius (Andrew Scott), removendo um tempo precioso para apresentação de mais evidências que foram amplamente discutidas perante o tribunal.

Os filmes de corte geralmente surpreendem o espectador pela profunda imersão nas estratégias para enfrentar um determinado problema. Em Denial, isso ocorre de maneira superficial por um motivo: toda a atenção está voltada apenas para o livro em que Lipstadt publicou em 1996 – fruto do processo de Irving. Mick Jackson diz orgulhosamente que seu filme defende a verdade histórica, mas ele omite por completo a presença da Penguin Books, que batalhou com unhas e dentes pela sua autora. Então tudo o que é criado neste filme é moldado para que o público tenha visão de que Lipstadt lutou pela verdade sozinha (e uma passagem sugere o absurdo de que ela realmente fez esforços para pagar a defesa, o que é completamente falso). Com essa ‘pequena’ distorção da verdade, o filme não consegue dar dimensão do julgamento.

Denial é recomendado para quem tem interesse no tema, com algum tipo de conhecimento anterior sobre os dois protagonistas (especialmente Irving). Não tem impacto e adiciona pouco sobre um assunto delicado e extremamente debatido, mas pode ser a ponte para uma pesquisa mais aprofundada.

NOTA: 6/10

IMDb

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