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Assassin’s Creed – 2016

Esperei muito tempo por um filme da franquia Assassin’s Creed. Joguei todos os jogos lançados, e mesmo com os altos e baixos da série sempre achei a construção das histórias coerentes. O que torna Assassin’s Creed especial é a imersão proporcionada pela Ubisoft, que mescla a ficção com personagens reais. Poder interagir com figuras como Ricardo I, Leonardo da Vinci, George Washington e Winston Churchill certamente é um dos maiores atrativos do universo oferecido aos jogadores.

Como todos sabem, é um desafio enorme fazer a transição dos games para o cinema. Muitas vezes as expectativas são altíssimas, e não faltam exemplos de decepções gigantescas ocorridas na última década. O grande problema é que os produtores tem que agradar dois tipos de perfis diferentes: o primeiro é o do jogador e fã da franquia, que espera ver em um filme sobre Assassin’s Creed desde elementos essenciais no jogo, como sincronização de memórias e leap of faith até uma narrativa que seja parecida com o que ele é acostumado a acompanhar na série; o outro perfil, bem menos exigente, é o do jogador casual (que também inclui  o fã de cinema sem contato anterior com a história). Eles querem certa contextualização, necessitam explicação das mecânicas e do funcionamento do mundo retratado pelo filme.

Ou seja, não é nem um pouco simples montar um roteiro com tamanho peso nas costas. Achei que o pontapé inicial da Regency foi muito prudente, investindo no diretor Justin Kurzel com grande parte da equipe por trás do sucesso de Macbeth (incluindo os dois protagonistas, Michael Fassbender e Marion Cotillard). Mas os escritores que conseguiram fazer uma boa adaptação de Shakespeare não conseguiram dar gás a uma história que poderia oferecer muito, e Kurzel mostrou-se inefetivo na condução de seu filme.

A base de fundo apresentada na introdução é bem interessante, mostrando a iniciativa dos templários para colocar as mãos na maça do éden – criada por uma civilização antiga (e apresentada nos games) que contém o código genético do livre arbítrio. Desde o período da inquisição espanhola uma união de assassinos liderada por Aguilar de Nerha busca pela relíquia, ao mesmo tempo que combate os templários. Em 2016, Callum (Fassbender) é chamado para participar de experimentos da misteriosa Abstergo Foundation, liderada por Sophia Rikkin (Marion Cottilard) e pelo seu pai, Allan (Jeremy Irons). Através do uso do Animus – tecnologia de ponta – Callum sincroniza as memórias de Aguilar para conseguir a tal maça, que seria a chave para acabar com a violência no mundo.

A  história até que seria boa para um game, mas no cinema tudo ficou perdido e confuso. O panorama é muito superficial, e os editores provavelmente sofreram para conseguir criar um filme em duas horas. Digo isto pois é evidente que várias cenas foram estraçalhadas – e fica claro em pelo menos duas ocasiões a falta de um elemento de transição nos diálogos (ou seja, passando do ponto A para o C sem nem mesmo referenciar a existência do B).

As cenas no mundo medieval não são boas (e isso não passa diretamente pela atuação de Fassbender, mas sim pela forma como seu personagem foi construído). A apresentação de Boabdil, que seria o grande personagem histórico da trama, beira ao ridículo. A fotografia segue a mesma passividade das outras áreas técnicas, e apenas uma cena de parkour na Andaluzia está acima da média.

É bem possível que exista alguma versão do diretor de Assassin’s Creed. Não será ela que tornará o filme interessante, já que é evidente que temos aqui um belo exemplo de uma produção construída a partir de bases muito frágeis. Mas pelo menos deve agradar aos fãs com uma narrativa mais coerente, que talvez explore fatores deixados de lado.

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NOTA: 4/10

IMDb

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