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Whiskey Tango Foxtrot (Uma Repórter em Apuros) – 2016

As incursões dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque ainda têm feridas abertas que nos fazem pensar no cenário mundial atual. Seja pelo crescimento do ISIS ou por todas as controvérsias da era Bush, o fato é que o interesse por histórias secundárias destes conflitos estão em alta – especialmente em um ano de eleições presidenciais, onde o país reflete seus erros recentes. Whiskey Tango Foxtrot (Uma Repórter em Apuros, no Brasil) tem uma história de fundo sólida para merecer um filme – mas que é posta na lata do lixo pelos diretores Glenn Ficarra e John Requa, que tentam explorar um projeto absurdo de comédia – se é que pode-se definir assim a tentativa de contar a história de uma ‘inocente mulher branca americana’ em meio de uma nação de selvagens.

Com base nas memórias de Kim Barker – The Taliban Shuffle: Strange Days in Afghanistan and Pakistan – Tina Fey interpreta a jornalista que trabalha na seção de escrita de um canal fechado de Nova York e que aceita o convite para passar três meses cobrindo a investida americana em Cabul, em 2003. É lá que sua carreira toma outro rumo, e ela se consolida como uma repórter de guerra.

Se o filme seguisse uma visão crítica – a partir da análise da interferência dos EUA em um território estrangeiro, certamente teríamos um bom produto final, com amplas possibilidades de discussões. Mas não é o caso. A jornalista logo se envolve com um fotógrafo escocês (Martin Freeman) – e aprende a lógica da ‘beleza de Cabul’ – que avalia o grau de atração de uma mulher. Para sustentar essa argumentação, Margot Robbie interpreta uma repórter desesperada por sexo, e  Billy Bob Thornton mais uma vez dá vida a um general durão, com poucas linhas de diálogo.

O que mais perturba em WTF é a consistente tentativa de fazer seu espectador engolir uma xenofobia através de piadas secundárias. Fey dá vida a uma personagem vazia, sem nenhuma consideração com o sofrimento das milhares de pessoas que morriam diariamente na guerra. Ao contrário, tão logo ela descobre a traição de seu ex-namorado, ela passa a frequentar inúmeras festas. Durante todo o filme temos uma visão de uma americana branca – que tenta se colocar no papel de oprimida – para uma sociedade acostumada a denegrir culturas diferentes e abraçar grandes generalizações (aliás, isso está totalmente de acordo com o crescimento de Donald Trump na política).

Ficarra e Requa tentam emular parte da lógica do filme de maior sucesso em suas filmografias – I Love You Phillip Morris – com um melodrama repleto de falsos moralismos. O problema é que o problemático contexto de WTF não permite esse tipo de brincadeira rasa e descompromissada. E é justamente pela falta de feeling que Whiskey Tango Foxtrot teve uma modesta recepção nos Estados Unidos – o que restringiu muito sua distribuição mundial.

* Whiskey Tango Foxtrot está disponível no iTunes.

NOTA: 3/10

IMDb

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