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Neotpravlennoye pismo (A Carta Que Não Se Enviou) – 1960

Mikhail Kalatozov serviu como inspiração para diretores como Andrei Tarkovski repensarem os rumos do cinema soviético. Neotpravlennoye pismo (A Carta Que Não Se Enviou, no Brasil) foi produzido logo após Quando Voam as Cegonhas e serviu como uma espécie de pagamento da Mosofilm para Kalatozov. Após vencer a Palma de Ouro, os produtores soviéticos concordaram em financiar uma ideia que estava na cabeça do diretor desde a década de 1930, quando trabalhou no documentário Salt for Svanetia. A propaganda descarada do regime comunista pode ser facilmente percebida, com a mesma mensagem de companheirismo e fidelidade que havia sido esboçada no diretor no começo de sua carreira, quando Stalin passou a monitorar de perto as obras cinematográficas.

Em uma expedição na Sibéria que busca encontrar diamantes raros, geologistas enfrentam os perigos para a glória da URSS, que acredita que tal descoberta pode gerar uma nova Revolução Industrial, além de beneficiar a corrida pela conquista do espaço. Sabinin (Innokenti Smoktunovsky), que planeja escrever a carta que dá nome ao filme para sua mulher, Vera (Galina Kozhakina), atua como líder da missão. Sergei (Yevgeny Urbansky) aparenta ser focado no trabalho, mas tem uma queda por sua colega,Tanya (Tatiana Samoilova), a única mulher do grupo, casada com Andrei (Vasili Livanov). Apesar do coletivo ser pauta para todo o filme, Kalatozov foi sábio o suficiente para criar um triângulo amoroso que dita toda a tensão da metade final, quando um incêndio ameaça todas as descobertas.

A Carta que Não Se Enviou foi o perfeito exemplo de filme que seria criticado na década de 1960 pela Escola de Moscou, que buscava desvincular as produções do país com os ideais comunistas. Kalatozov deixa nas entrelinhas a ideia de que a parceria dos quatro amigos torna eles mais fortes, abraçando o espírito coletivo que existe apenas nos regimes socialistas, que não promovem a competição e o individualismo com caráter predatório. Na Sibéria apresentada pelo diretor, uma mão lava a outra, e é a união que é capaz de vencer as inúmeras dificuldades – inclusive a fome e a falta de água.

A grandiosa fotografia de Sergey Urusevsky é o melhor motivo para assistir a este filme. A fluidez dos movimentos e a ótima reação perante o perigo criam um ambiente dinâmico, aproximando do estilo propagado pela New Wave Francesa. A suave narrativa, ainda que com interesses secundários, é trabalhada com extrema eficácia. A Criterion lançou recentemente a versão em Bluray, com notáveis avanços na qualidade de imagem e som. Apesar disso, a falta de conteúdo adicional surpreende, já que isso é extremamente raro vindo da empresa que propõe lançar no mercado um conteúdo premium, com várias horas de informações suplementares.

NOTA: 7/10

IMDb

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