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Missing (Desaparecido – Um Grande Mistério) – 1982

O apoio dos Estados Unidos ao terrorismo de Estado na América Latina sempre foi propagado pela mídia de forma secundária. No caso do Chile, por exemplo, até mesmo jornais como The New York Times davam pouca importância para as denúncias de violação dos direitos humanos. Em 1973 a grande novidade era Augusto Pinochet, que colocou um ponto final no sonho socialista de Salvador Allende. Missing (Desaparecido – Um Grande Mistério) é um dos filmes mais populares do diretor grego Costa Gravas, que recebeu um Oscar por seu trabalho na adaptação de roteiro do bestseller homônimo de Thomas Hauser.

Gravas preocupa-se com a ambientação – e é ela que dá o tom de choque. Os assassinatos sumários, a violência descabida e o toque de recolher fizeram os americanos se perguntar: como podemos apoiar um ditador como Pinochet? Tanto é que pela primeira vez a opinião pública dos EUA passou a verificar as ações do poder executivo – pressionando o rompimento das relações do governo Reagan com o país, em mais um exemplo da força do cinema.

Charles Horman (John Shea) escreve para periódicos de esquerda no Chile. Dias após o golpe que removeu Allende, ele é levado pelos militares e nunca mais é visto. Sua esposa (Sissy Spacek) e seu pai, Ed (Jack Lemmon) buscam informações de seu paradeiro em meio a perseguição descontrolada dos militares aos simpatizantes de Allende.

O ótimo toque de roteiro torna Missing um clássico. O desaparecimento de Horman dá espaço para Jack Lemmon brilhar no papel do pai que busca desesperadamente informações sobre o paradeiro de seu filho. Gravas e seu diretor de fotografia, Ricardo Aronovich, abusam do foco no rosto de Lemmon, mostrando com precisão como Ed deixa de confiar cegamente no governo de seu país para correr atrás da verdade. A atuação de Sissy Spacek é segura, e funciona como um catalizador de emoções, sendo por muitas vezes a voz da racionalidade. A opção por contar a história de forma fatiada, isto é, apresentando aos poucos mais informações que poderiam solucionar o caso, foi uma opção válida por conta do tom investigativo, prendendo a atenção de seu público.

Banido no Chile durante os anos de Pinochet, o filme também foi alvo de uma disputa de mais de 150 milhões de dólares, pelo fato de promover uma visão negativa da missão americana no país. O ex-embaixador Nathaniel Davis declarou na corte que se sentiu profundamente ofendido pela ‘reescrita da história’ proposta por Gravas – o que beira o absurdo. Após perder a ação, Davis se aposentou do serviço público.

Missing é um retrato forte dos dias iniciais de uma das ditaduras mais violentas do cone sul. Com o estilo marcante de Gravas, o longa faz parte de cursos do currículo de algumas faculdades de História, graças as das várias reflexões propostas (que passam desde o apoio dos EUA a um regime patrocinador do Terrorismo de Estado até a falta de engajamento do país na defesa de seus próprios cidadãos, já que Frank Teruggi também foi morto pelos chilenos por seu envolvimento com a esquerda).

NOTA: 8/10

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